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Analistas veem foco corporativo no novo tablet da Microsoft 

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A Microsoft anunciou na segunda-feira seu tablet próprio rodando Windows 8, em um ambicioso projeto para concorrer com o iPad, da Apple. Com tela de 10,6 polegadas, 9,3 mm de espessura na versão mais básica e equipado com teclado multitoque, o Surface faz a Microsoft unificar ela mesma hardware e software próprios no mesmo produto. Mas o que analistas da indústria acharam do lançamento?

Para o analista da IDC Francisco Jeronimo, o Surface mostra que a Microsoft está focada no mercado corporativo. "O teclado físico e o foco no ambiente do MS Office mostram que a Microsoft tem como alvo o segmento de negócio, onde ele pode se diferenciar e assumir uma parte da Apple. O tablet da Microsoft provavelmente virá com a melhor experiência do MS Office, a aplicação matadora do dispositivo. O teclado é também um acessório muito importante para um uso profissional", afirmou.

A integração entre hardware e software, estratégia adotada há anos pela Apple, é outro fator destacado pelo analista. "No centro da apresentação do CEO Steve Ballmer esteve uma única mensagem: a integração entre o hardware e o software é fundamental para proporcionar melhores experiências para os usuários finais. O hardware projetado pela Microsoft tenta captar o interesse dos usuários para um dispositivo que combina o PC e as experiências de um tablet", disse.

A tentativa de reposicionamento da marca é um ponto destacado pela analista de tablets da Gartner, Carolina Milanesi. "Eu acho que o Surface serve a três objetivos principais. Ele permite à Microsoft evangelizar no Metro (interface do Windows 8) e controlar sua mensagem de ponta a ponta. Permite à Microsoft trazer de volta algo de sexy à sua marca, e provar que ela sabe o que é preciso para ter sucesso na era pós-PC, além de cutucar os parceiros (de hardware) para o seu jogo, seja através da apresentação de especificações melhores ou baixando seus preços", afirmou.

Comparações com as estratégias de mercado da Apple são inevitáveis, e para Sarah Rotman, da Forrester Research, o Surface coloca a Microsoft competindo ainda mais com a plataforma integrada da Apple. As opções do tablet, porém, podem representar um risco. "Os consumidores não estão acostumados a pensar sobre chipsets. Escolha é um princípio-chave do Windows, mas muita escolha é ruim para os consumidores. A Apple entende isso, e limita as opções do iPad para conectividade, armazenamento e preto ou branco", afirma.

Outra preocupação dos analistas foi o pouco que se falou do software no anúncio de ontem. "Apesar de alguns recursos de hardware interessantes, quase nada foi mencionado sobre o software, a interface do usuário, a experiência do usuário e do ecossistema, Alguns destes pontos foram previamente introduzidos pela Microsoft em apresentações anteriores do Windows 8. A Microsoft precisa começar a reunir os diferentes pedaços da história 8 Windows. O que torna o iPad o tablet de maior sucesso no mercado é o software, os aplicativos e o valor agregado que os usuários finais recebem", afirmou Jeronimo, da IDC.

Preço e disponibilidade

A falta de informações sobre preço e disponibilidade deixaram algumas dúvidas para analistas da indústrias, que fazem algumas previsões nessa área. "A pergunta na boca de todos é 'bem, parece muito bom, mas quanto é?'. Estamos estimando que os tablets Windows RT ficará em torno de US$ 400 a US$ 500, o que poderia ver bons volumes", afirmou Rick Sherlund, Nomura Securities.

Já a analista da Gartner não espera que a Microsoft venda grandes volumes. Ela avalia que a Microsoft quer que o Surface se torne uma referência e faça com que parceiros de hardware, como HP ou Dell, baixem seus preços. "O preço será um fator importante, mas eu acho que esses dispositivos não são destinados a vender grandes volumes. Então eu acredito que seja competitivo com o iPad de alta qualidade. A Microsoft precisa entregar a tempo para o Natal, ou para a volta às aulas, deixando um pouco de tempo para os parceiros de hardware ajustarem seus projetos", afirmou Carolina Milesi.

As informações são do The Guardian.