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Neuroestimulação pode recuperar a autonomia de portadores de Parkinson

Brasileiros ainda desconhecem tratamento que elimina boa parte dos sintomas mais limitadores 

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Nesta quarta-feira, 11 de abril, é comemorado no mundo inteiro o Dia da Doença de Parkinson, com o objetivo de ampliar a conscientização sobre a doença e incentivar a pesquisa e a inovação no seu tratamento. O Parkinson é uma condição crônica, sem causa conhecida, progressiva e degenerativa do sistema neurológico, que afeta os movimentos e a coordenação dos portadores. Conforme progride, incapacita o indivíduo, fazendo com que atividades simples do dia a dia, como tomar banho e se vestir, se tornem impossíveis.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência do Parkinson no Brasil é de 100 a 200 casos para cada 100 mil habitantes. Embora não tenha cura, os sintomas físicos do Parkinson podem ser gerenciados com medicamentos e fisioterapia. O problema é que, após anos de tratamento, é comum que os remédios deixem de fazer efeito. O neurocirurgião Erich Fonoff afirma que, mesmo com a evolução na área médica, esta ainda é uma doença de difícil diagnóstico.

"Seus sintomas iniciais podem ser confundidos com outras doenças, além de variar bastante de paciente para paciente”, explica Fonoff. 

Geralmente os primeiros sinais da doença de Parkinson são sutis. Muitos ficam surpresos ao saber que a falta de expressão facial, perda do olfato, constipação, tontura, desmaios, postura curvada e dificuldade para dormir também podem ser sintomas da doença. Segundo o médico, a maioria das pessoas só reconhece a doença quando surgem os tremores constantes e a dificuldade para se movimentar e andar. Normalmente, os sintomas aparecem depois dos 65 anos de idade, porém aproximadamente 15% dos que convivem com o Parkinson desenvolvem a doença antes dos 50 anos. 

“Ainda não existe prevenção. Mas quanto antes for descoberta, melhor será a resposta do paciente ao tratamento. Adiar a procura por ajuda médica pode interferir no sucesso da terapia,” alerta o neurocirurgião.

Apesar da cura ainda não ter sido descoberta, um tratamento pouco conhecido dos brasileiros pode mudar a vida dos pacientes. A neuroestimulação é uma terapia revolucionária, mas ainda pouco difundida no país, apesar de ser realizada desde os anos 80 no exterior. Durante a cirurgia, um aparelho parecido com um marca-passo é implantado no peito do paciente e envia estímulos elétricos, por meio de eletrodos, para áreas específicas do cérebro, ajudando o parkinsoniano a controlar seus movimentos e recuperar a autonomia. 

A cirurgia é feita com o paciente acordado, par que ele possa auxiliar o médico na localização da área exata que controla os movimentos no cérebro. De acordo com Fonoff, este é o tratamento mais avançado para a doença.  

“A neuroestimulação é uma terapia segura que proporciona resultados excelentes e nos últimos anos ganhou mais efetividade, podendo ser aplicada com maior precisão. O implante é uma alternativa para os casos em que o tratamento medicamentoso deixou de ser eficiente ou para quem sofre muito com os efeitos colaterais”, afirma Fonoff. 

Após ouvir um relato esperançoso, o engenheiro civil Carmelo Lorenzo Filho, de 66 anos, se submeteu à cirurgia. O engenheiro apresentou os primeiros sinais da doença aos 52 anos, mas só foi diagnosticado com Parkinson treze anos depois. Ele relata que conviveu durante anos com o a doença e a depressão, que limitavam tudo em sua vida. Um dia, quando foi buscar remédios na unidade de saúde de costume, ouviu a dentista de lá contar que seu pai havia feito o implante de um neuroestimulador.

“Ela disse que ele havia entrado no hospital de cadeira de rodas e saiu andando. Não acreditei, pedi o telefone do médico e agendei a minha consulta. Foi assim que descobri o tratamento que mudou a minha vida. Depois da neuroestimulação as pessoas não acreditam quando conto que tenho Parkinson. Hoje me exercito, trabalho, dirijo, tenho uma rotina como a de qualquer outra pessoa,” conta.