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Infectologista tira dúvidas sobre a meningite

Quatro morreram vítimas da doença em escolas públicas de São Paulo este ano

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A possibilidade de um surto de meningite tem assustado os pais de alunos de escolas da rede pública de São Paulo. Na última semana, um adolescente de 15 anos morreu vítima da doença em Guarulhos. Em fevereiro, outros quatro já tinham morrido, vítimas da enfermidade. A meningite é uma infecção das membranas que envolvem e protegem o sistema nervoso central. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados 19.427 casos em 2011.

A doença é desencadeada por uma série de fatores, mas na maioria das vezes começa com uma infecção por vírus ou bactéria. A forma bacteriana é a mais severa, já que pesquisas confirmam uma taxa de letalidade que chega a 25% nesses casos. Pode ainda implicar em sequelas irreversíveis, como problemas neurológicos, surdez e até a necessidade de amputação dos membros.

“As meningites virais – causadas por meningococos, pneumococos e pelo haemophilus influenzae tipo b – são purulentas [provocam pus] e o organismo não consegue, por si só, combatê-las”, explica o infectologista Alberto Chebabo, chefe do Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Chebabo fala ainda sobre o processo de transmissão: 

“A meningocócica e a haemoppholus influenzae b, assim como as virais, são transmitidas por via aérea através de gotículas de saliva. Mas precisa haver um contato próximo por mais de uma hora. Não é como a gripe. Já a pneumocócica se desenvolve a partir de uma infecção preexistente. Não é comum o contágio de pessoa a pessoa.”

Os principais sinais da doença são febre alta, dores de cabeça, vômito, mal estar e dificuldade de encostar o queixo no peito devido ao enrijecimento da musculatura da nunca. Uma vez que haja a suspeita da doença, o médico deve iniciar o tratamento antes mesmo da confirmação do diagnóstico através de exames laboratoriais.

A terapia para meningite viral basicamente consiste no uso de medicamentos para minimizar os sintomas. Nos casos bacterianos, é recomendado o uso de antibióticos intravenosos por um período de sete dias, e os que tiveram contato com o doente também devem fazer uso da medicação, mas por via oral. É obrigação dos profissionais de saúde comunicar as autoridades sanitárias a respeito da ocorrência da enfermidade.

“Este é um procedimento adotado pelo Ministério da Saúde no caso de doenças que possam provocar algum tipo de surto, como a meningite, a dengue e o vírus influenza H5N1 [gripe aviária], que estão erradicadas ou em processo de erradicação, como o sarampo, e as que são de ocorrência rara no país, como o Ebola”, esclarece.

Como formas de prevenção, são oferecidas pela rede pública de saúde as chamadas vacinas BCG, que previnem as formas graves de tuberculose, além da vacina contra a meningite por haemophilus influenza tipo b, pneumocócica 10-valente e a meningocócica conjugada C.

“As vacinas contra as formas meningocócicas e pneumocócicas passaram a ser oferecidas a partir de 2010 para crianças com até 2 anos. Ainda levará algum tempo para que a população esteja majoritariamente protegida.  Já a contra o haemophillus influenzae b está disponível há bastante tempo e hoje os casos são raros”,avalia.