ASSINE
search button

INCA: 520 mil brasileiros devem ter câncer em 2012

Compartilhar

Para o ano de 2012, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estima cerca de 520 mil casos novos da doença. Sete novas localizações de câncer entraram no ranking dos tumores mais frequentes do país. As informações fazem parte da publicação Estimativa 2012 – Incidência de Câncer no Brasil, que a Instituição lançou nesta quinta-feira para marcar o Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado no dia 27 de novembro. 

As Estimativas valem para o período 2012-2013. Ou seja, o INCA estima que, por ano, no Brasil, 520 mil brasileiros tenham câncer. 

As estimativas destacam os tipos mais incidentes nas regiões brasileiras, caso do câncer de pele não melanoma, próstata, mama e pulmão. A novidade dessa edição é que foram incluídas sete novas localizações de tumores no estudo: bexiga, ovário, tireoide (nas mulheres), Sistema Nervoso Central, corpo do útero, laringe (nos homens) e linfoma não Hodgkin – os dois últimos muito noticiados recentemente por terem acometido, respectivamente, o ex-presidente Lula, o ator Reynaldo Gianecchini e a presidente Dilma Rousseff.

Os especialistas consideram as Estimativas a principal ferramenta de planejamento e gestão da saúde pública na área oncológica no Brasil. Isso porque fornecem as informações necessárias para a elaboração das políticas públicas de saúde voltadas para o atendimento da população. 

“A divulgação das estimativas disponibiliza aos gestores de saúde e, especificamente, aos da atenção oncológica, informações fundamentais para o planejamento das políticas públicas de forma regionalizada”, diz o diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini.

Desconsiderando o câncer de pele não melanoma - tumor com baixa letalidade -; entre o sexo masculino o câncer de próstata permanecerá como o mais comum, seguido pelo de pulmão, cólon e reto, estômago, cavidade oral, laringe e bexiga. Já nas mulheres, a glândula tireoide, de modo inédito, aparece no quinto lugar geral, atrás do câncer de pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon e reto. Na seqüência, vêm os tumores de pulmão, estômago e ovário.

“A melhoria na qualidade dos exames de investigação em casos  suspeitos, contribui para a exatidão do diagnóstico do câncer da tireoide.  Isso se reflete no aumento do número de casos desse tipo de tumor.”, diz a responsável pelo serviço de endocrinologia do INCA, Rossana Corbo.

A médica completa dizendo que um resultado de ultrassonografia que indique suspeitas da doença deve ser encaminhado para investigação imediata, por meio do exame de punção aspirativa por agulha e a biópsia.

Ainda que as estatísticas atuais comprovem que os homens adoecem e morrem mais cedo em relação às mulheres, os números estimados de casos novos de câncer são bem semelhantes para ambos os sexos: cerca de 260 mil.

O fato se deve, em parte, pela população feminina, na faixa etária acima do 50 anos (idade de mais risco da doença) ser maior do que a masculina. Hoje, há no Brasil, acima dos 50 anos, 21 milhões de mulheres e 17 milhões de homens. (IBGE - Censos Demográficos - 2010). 

“Ações de promoção da saúde, diagnóstico precoce e a ampliação do acesso aos serviços favorecem a longevidade.  Quanto mais velha é uma população, maior as chances de alguns tipos de câncer surgirem”, diz o coordenador de ações estratégicas do INCA, Claudio Noronha.

Entre os homens, o câncer de próstata lidera o ranking dos mais incidentes em todas as regiões do país, sem contar os tumores de pele não melanoma. Os demais tipos se alternam na classificação de acordo com a região. 

Pulmão – Esse tipo de câncer é o mais comum de todas as neoplasias malignas e apresenta um aumento de 2% ao ano na incidência mundial. De acordo com o INCA, cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão estão associados ao tabagismo. Isso quer dizer que cerca de 24 mil casos novos poderiam ser evitados, caso as pessoas não fumassem. 

É o segundo mais frequente nas regiões Sul (37 casos para cada 100 mil habitantes) e Centro-Oeste (17 casos para cada 100 mil habitantes). Já nas regiões Sudeste (20 casos para cada 100 mil habitantes), Nordeste (8 casos por 100 mil habitantes) e Norte (8 casos por 100 mil habitantes), ocupa a terceira posição.

De acordo com a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq), o Brasil é o segundo produtor mundial de fumo em folha, ficando atrás somente da China. A Região Sul se destaca por concentrar a maior parte da produção de fumo do país.

“O Sul do Brasil concentra a maior parte de produtores de fumo. O fato pode estar diretamente relacionado ao alto consumo de derivados do tabaco, fazendo com que a região sofra com os altos índices de incidência de câncer de pulmão”, diz o pneumologista da Divisão de Controle de Tabagismo do INCA, Ricardo Meirelles.

Cólon e reto – Ocupa o segundo lugar na região Sudeste (22 casos por 100 mil habitantes) e a terceira posição nas regiões Sul (18 casos por 100 mil habitantes) e Centro-Oeste (14 casos por 100 mil habitantes). Na região Norte (4 casos por 100 mil habitantes), esse tipo de tumor ocupa a quarta posição e, na região Nordeste (5 casos por 100 mil habitantes), fica em quinto lugar.

Para esses tipos de câncer, os fatores de risco estão diretamente ligados ao envelhecimento, histórico da doença em parentes próximos, controle do peso e alimentação inadequada. 

“Uma alimentação balanceada, com baixo teor calórico, rica em frutas, fibras e legumes, associada a hábitos saudáveis como a prática de atividade física, por exemplo, pode reduzir 37% desse tipo de tumor”, diz o nutricionista do INCA, Fábio Gomes. O especialista completa dizendo que a ingestão excessiva e prolongada de bebidas alcoólicas também pode ser um fator de risco para esse tipo de câncer. 

Estômago - É o segundo tumor mais frequente nas regiões Norte (11 casos/100 mil hab) e Nordeste (9 casos/100 mil hab). Conforme a publicação, está em quarto lugar nas regiões Sul (16 casos/100 mil hab), Sudeste (15 casos/100 mil hab) e Centro-Oeste (14 casos/100 mil hab mil).

O maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de estômago é a infecção pela bactéria H.pylori. Tendo em vista, que é uma das infecções mais comuns no mundo, pode ser responsável por 63% dos casos de câncer gástrico. Outro fator que contribui para o surgimento desse tipo de câncer é uma alimentação pobre em vitamina A e C, ou com alto consumo de alimentos enlatados, defumados, com corantes e conservados em sal. 

Cavidade oral – Ocupa o quarto lugar na região Nordeste (6 casos/100 mil hab) e, nas regiões Sudeste (15 casos/100 mil hab) e Centro-Oeste (9 casos/100 mil hab), está na quinta posição, enquanto, nas regiões Sul (12 casos/100 mil hab) e Norte (3 casos/100 mil hab), é o sexto mais frequente.

Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade são o fumo, o etilismo e infecções bucais por HPV. Sozinho, o tabagismo é responsável por cerca de 42% dos óbitos por essa neoplasia. Já o alcoolismo intenso é responsável por 16% das mortes causadas por esse tipo de câncer.

“Estudos apontam para uma relação de sinergia entre o tabagismo e o alcoolismo. Juntos os dois atos aumentam em 30 vezes o risco para o desenvolvimento do câncer da cavidade oral”, diz o coordenador da seção de cabeça e pescoço do INCA, Fernando Luiz Dias.

Esôfago – Esse tipo de câncer ocupa o quinto lugar na região Sul (15 casos/100 mil hab). Já nas regiões Sudeste (10 casos/100 mil hab) e  Centro-Oeste (7casos/100 mil hab), ocupa a sexta posição. Nas regiões Nordeste (4 casos/100 mil hab) e Norte (2 casos/100 mil hab), está na sétima e nona posições, respectivamente. 

O câncer de esôfago, em termos de incidência, é de três a quatro vezes mais comum nos homens e, por se tratar de um câncer de prognóstico ruim e de alta letalidade, as taxas de mortalidade se aproximam muito de incidência. Os fatores de risco estão diretamente relacionados à história de caso na família, ingestão em demasia de álcool e por agentes infecciosos, causados por fungos e vírus. No caso da região Sul, especificamente, o consumo da erva-mate é considerado fator de risco para a doença, já que a ingestão é feita em temperaturas elevadas, por conta do clima da região, além de ser um hábito enraizado naquela cultura.