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Dificuldade para engravidar pode estar associada à genética do casal

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Você já deve ter ouvido falar que gestação entre parentes pode gerar herdeiros com má formação. O que ainda causa surpresa é o fato de casais geneticamente parecidos, não necessariamente consanguíneos, não só terem menos chances de gerar filhos saudáveis, como também de manter a gestação. A explicação está na ação do sistema imunológico materno contra o embrião recém implantado no útero devido à compatibilidade entre os genes feminino e masculino.

“Quando uma mulher engravida em condições normais – sua carga genética não é semelhante à carga do pai de seu filho – ocorre uma aloimunização, que é a produção de anticorpos bloqueadores. Dessa forma, o feto fica protegido contra a destruição pelo sistema imunológico materno. Mas nos casos em que a fecundação se dá entre casais geneticamente parecidos, o organismo materno não reconhece o feto já que sua composição genética é muito próxima. O aborto espontâneo é a consequência direta. Cerca de 15% das gestações terminam em óbito do bebê sem causa aparente”, explica o especialista em medicina reprodutiva João Ricardo Auler.

Para casais que desconhecem o distúrbio, as perdas gestacionais repetidas podem se tornar rotina. Foi o que aconteceu com Elisabeth Gomes e Marcelo Lima que tentaram, por três anos seguidos, ter um filho. Diante do fracasso nas tentativas naturais recorreram à reprodução assistida, também sem sucesso. Orientados pelo médico, o casal fez o exame Cross Match e descobriu a causa da infertilidade, que há anos os atormentava: a compatibilidade genética.

Gestações seguras podem ser obtidas através do tratamento com vacinas contendo células do pai. “Em causas imunológicas, a melhor solução para o casal é recorrer às vacinas com linfócitos paternos, que estimulam a produção de anticorpos para proteger o bebê dentro do útero da mãe”, ressalta Auler, que é membro da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida e diretor médico da Clínica Pró Nascer.

O especialista explica que, normalmente, três aplicações da vacina com intervalos médios de três semanas são suficientes para que o organismo materno entenda a mensagem. “Para ter a certeza de que a vacina foi bem aceita pelo organismo, fazemos o Cross Match para realizar um novo mapeamento genético. Uma vez imunizada, a paciente tem cerca de seis meses para tentar engravidar”, explica Auler.

Os resultados do tratamento com vacinas têm sido bastante positivos, como no caso de Elisabeth Gomes. “Tomei a vacina até o quarto mês de gestação e graças ao resultado positivo do exame, realizamos confiante a inseminação, que dessa vez foi bem sucedida”, diz Elisabeth que comemora o nascimento do filho Gustavo, hoje com dois anos.