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Dia do Sexo: relações sexuais na terceira idade ainda são tabu para jovens

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Criado em 2008 para a campanha publicitária de uma marca de preservativos e, desde então, amplamente difundido por seu caráter cômico, o Dia do Sexo é comemorado nesta terça-feira, 6 de setembro. Falar sobre o tema, porém, ainda é um grande tabu. Quando se trata de relações sexuais na terceira idade, então, as barreiras são ainda maiores, principalmente por parte dos jovens. Mesmo assim, muitos dos que passaram dos 60 dizem não ficar de fora da festa e dão lições de como aproveitar a vida.

A aposentada Vanderlina Magalhães, de 71 anos, é um desses exemplos. Ela não tem nenhum tipo de problema ou vergonha em falar sobre sua vida sexual que, segundo a própria garante, nunca deixou de ser ativa. De acordo com Lili, como é chamada entre os amigos, hoje em dia as relações são ainda melhores do que na sua juventude. Para ela, tudo depende da cabeça de cada pessoa.

“Se você tiver com 40 anos e achar que não é mais capaz, nada vai funcionar. Mas se você chegar à minha idade acreditando que pode, vai sentir prazer do mesmo jeito ou até mais”, conta, aos risos. “Ninguém morreu ainda, temos é que aproveitar mesmo”, afirma.

Recém formada em fisioterapia, Larissa de Freitas, 23 anos, admite ter problemas ao pensar sobre o assunto e aceitar o fato de que idosos ainda pratiquem relações sexuais. Ela afirma que “projeta nos mais velhos a figura dos pais e avós”, e que isso torna tudo ainda mais complicado.  “A terceira idade está mais ativa. Isso é óbvio, até mesmo pelo que posso observar na minha profissão, mas simplesmente não gosto de pensar no sexo nesse contexto. Dá nervoso. É muito estranho”, conclui sem parecer mesmo querer falar sobre o assunto.

Vanderlina, por sua vez, diz que não encara este tipo de resistência em casa. Ela conta que os jovens com quem tem contato aceitam bem o fato e que é muito respeitada por sua família. “O segredo é se impor. Em casa me respeitam e ninguém cerceia a minha liberdade. A minha vida é minha”, declara.  A aposentada não deixa ainda de frisar que existe realmente quem ache errado o sexo entre idosos. “Algumas amigas minhas acham que é nojento, uma coisa horrível. Discutimos muito sobre o assunto, mas considero algo totalmente normal. Na minha opinião, não há motivos para tanta polêmica”, finaliza.

Rafael Farias, de 25 anos, prefere não tomar conhecimento sobre a vida amorosa de sua avó, de 72 anos. “Eu sei que ela tem os seus namorados e grupos de amigos. Acho isso bom, mas não quero saber sobre a vida amorosa dela. Não tenho nada com isso”, afirma o rapaz.

Especialista analisa

De acordo com a psicóloga Luciane Nogueira, muitos jovens ainda acreditam que a vida sexual deve terminar após uma certa idade. “Consideram absurdo falar de sexo na velhice, mas os idosos têm descoberto que é possível”, afirma. “É um mito que se criou, como se os mais velhos fossem incapazes ou como se o tempo já tivesse passado para eles”. 

Para a psicóloga, exemplos como o de Larissa, que projeta a imagem da família, tornam a situação é ainda pior. “No caso da mãe, por exemplo, que é "sagrada" (...) não pode ser imaginada numa circunstância como essa”, analisa.

Apesar de concordar que o tema é um tabu ainda hoje, Luciane acredita que este quadro já está começando a mudar. Com a vida cada vez mais longa, o sexo na terceira idade tende a ser considerado como algo comum e a ser tratado com naturalidade, como na casa de Lili, onde, segundo ela, “todos se respeitam e um respeita o espaço do outro”.       

Apuração: Juliana Dias Ferreira - [email protected]