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Doenças erradicadas no passado ameaçam saúde da população

Mutação do vírus influenza pandêmica a (AH1N1), tuberculose e meningite são algumas doenças que retornam com força

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A cada ano, doenças infecciosas que assustaram a humanidade séculos atrás e, que por algum período, desapareceram ou foram controladas, estão de volta e se alastram rapidamente pelo mundo. Especialistas levantam várias questões a respeito, principalmente sobre a razão por que essas doenças voltam a atormentar o planeta, ainda mais quando já existem mais informações, tecnologia e as experiências do passado.

As doenças são classificadas como emergentes e reemergentes. Essas enfermidades serão abordadas durante o 38º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas e o 11º Congresso de Citologia Clínica, que acontece em Curitiba entre os dias 26 e 29 de junho, reunindo mais de 4 mil profissionais em torno de discussões sobre avanços na área de exames clínicos e diagnósticos e novas tecnologias. 

O evento levará a Curitiba médicos, farmacêuticos, bioquímicos, biomédicos, biólogos e técnicos de laboratório de análises clínicas.

A médica do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Marion Burger, explica que as doenças emergentes são as enfermidades  desconhecidas da população e que são causadas por agentes infecciosos que nunca foram descritos, como os príons que foram responsáveis pela encefalopatia espongiforme, popularmente conhecida como a doença da vaca louca, em humanos na década de 90. 

Outra questão que chama atenção dos pesquisadores são as doenças que antes não eram diagnosticadas em pessoas e que nas últimas décadas se tornaram frequentes. “Agentes infecciosos que antes só atingiam animais, como o HIV, que infectava macacos, mas que na década de 80 passou a ser detectado em humanos com AIDS”.

Novas enfermidades também podem surgir depois da mutação de um agente infeccioso já conhecido, como o que aconteceu com o vírus influenza pandêmica A (H1N1), que teve o primeiro caso confirmado no Brasil em maio de 2009. 

Também são classificadas como doenças emergentes aquelas que começam a surgir em regiões previamente indene, como febre amarela ou malária.

O passado ameaça o futuro

As doenças reemergentes são aquelas que já são conhecidas há muitos anos, mas que de repente têm apresentado números elevados de incidência. Exemplo desses aumentos são os surtos de dengue. Somente nos primeiros cinco meses de 2011 no Paraná, foram registrados, segundo a Secretaria de Estado de Saúde, mais de 23 mil novos casos da doença. 

“Também podemos citar os novos casos de tuberculose e os diferentes tipos de meningites, como a meningocócica A, B, C e viral”, expõe Marion.

Especialistas acreditam que a volta de certas doenças coincide com o modelo de desenvolvimento econômico das sociedades, baseado na exploração do trabalho, tensão social, nas questões do meio ambiente e nas mudanças climáticas. A grande desigualdade social, a fome, desemprego, pobreza e condições de vida das populações pobres também são um dos fatores para a volta desses vírus.

Pesquisadores de todo o mundo temem o que pode acontecer no futuro, principalmente quando se baseiam na teoria de que, ao ocorrer uma epidemia em um país, logo outros correm riscos. Por essa razão é preciso conscientizar a população quanto às formas de prevenção, já que grande parte dessas doenças são de transmissão respiratórias.

Marion alerta que se o indivíduo estiver doente é recomendável evitar ambientes fechados e aglomerações, além de evitar contato especialmente com crianças, idosos, gestantes e pessoas portadoras de doenças crônicas. Sempre que tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com um lenço e jogá-lo depois do uso. “Lavar as mãos freqüentemente com água e sabão, especialmente depois de tossir ou espirrar. Se sabão e água não estiverem disponíveis, aplicar álcool gel 70%. E sempre evitar tocar os olhos, nariz ou boca”.