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Astrônomos descobrem 'planetas solitários', sem estrelas

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Astrônomos anunciaram nesta quarta-feira a descoberta de um fenômeno até agora inconcebível: planetas que não parecem atraídos por uma estrela e que, ao contrário, vagam solitários pelo universo.

Em uma varredura do cosmos realizada por dois anos, dez planetas com aproximadamente a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar, foram encontrados a distâncias tão grandes da estrela mais próxima que se poderia dizer que alguns deles flutuam livres pela Via Láctea.

A pesquisa, publicada na revista científica britânica Nature, é inovadora no campo da ciência dos exoplanetas, como são denominados os planetas localizados fora do nosso sistema solar.

Mais de 500 destes planetas foram identificados desde 1995. Mas estes são os primeiros do tamanho de Júpiter que foram encontrados orbitando a esta distância da estrela mais próxima ou parecem "desconectados" dela.

Os novos planetas foram descobertos em uma busca por objetos entre 10 e 500 unidades astronômicas (UA) de uma estrela.

A UA é uma medida padrão, que compreende a distância entre a Terra e o Sol, de cerca de 150 milhões de quilômetros.

Por comparação, Júpiter está a apenas 5 UA do Sol, enquanto Netuno, o planeta mais longínquo do nosso Sistema Solar, a 30.

A teoria da fundação planetária diz que os planetas são aglomerados de poeira e gás e são atraídos por suas estrelas, condenados a orbitar em volta delas até que a estrela queime todo o seu combustível.

O artigo sugere que estes planetas distantes se libertaram da atração gravitacional em uma fase muito precoce.

"Eles podem ter se formado em discos protoplanetários e subsequentemente, se dispersado no vazio ou em órbitas muito distantes", afirmou.

O estudo foi escrito por duas equipes que usaram microlentes gravitacionais para analisar dezenas de milhões de estrelas da Via Láctea em um período de dois anos.

Segundo esta técnica, uma estrela mais próxima passa em frente à outra, distante. O brilho da estrela longínqua é amplificada.

"As implicações desta descoberta são profundas", disse o astrônomo alemão Joachim Wambsganss em um comentário, também publicado na Nature.

"Temos um primeiro olhar de uma nova população de objetos de massa planetária em nossa galáxia. Agora precisamos explorar suas propriedades, distribuição, estados dinâmicos e história", acrescentou.