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Conferência do Clima: fala de Lula mostra frustração com negociações, diz embaixador

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CANCÚN - O embaixador Luiz Alberto Figueiredo, negociador chefe do Brasil na 16ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-16), afirmou nesta quarta-feira que a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o encontro que está sendo realizado em Cancún, no México, expressa uma certa frustração com o ritmo das negociações. Segundo ele, o Brasil está indo além do que se comprometeu a fazer, enquanto há um "jogo de empurra" entre outros países.

"Eu não posso comentar a declaração do presidente Lula, mas o que eu entendo é uma grande frustração, no momento em que o Brasil anuncia suas ações e mostra que está fazendo mais e mais rápido que o que foi comprometido e o que vemos aqui é que outros países não estão com esse grau de engajamento", disse.

Em evento em Brasília, nesta quarta, Lula disse que a COP-16 "não vai dar em nada" e destacou a ausência de "grandes lideranças" no encontro. Por este motivo, o presidente também desistiu de viajar a Cancún.

O embaixador citou como prova do engajamento brasileiro os dados do Projeto de Monitoramento do Desflorestamento da Amazônia Legal (Prodes). Divulgados nesta quinta, os dados apontam uma área desmatada na Amazônia Legal de 6.451 km², no período de agosto de 2009 a julho de 2010. Segundo o governo, é a menor taxa de desmatamento desde 1988.

"Essa queda representa uma imensa contribuição do Brasil para a redução das emissões", destacou. "Outros países não estão vindo para Cancún com o espírito de fazer mais e melhor, como nós estamos fazendo", afirmou. Para Figueiredo, na COP-16 repete-se um comportamento já visto no encontro anterior, em Copenhague, na Dinamarca. "É o jogo de culpar alguém. Eu não faço enquanto você não fizer", disse.