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Identificado novo gene ligado ao diabete

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REUTERS

WASHINGTON - A mais completa investigação já feita sobre as implicações genéticas da forma mais comum de diabete identificou uma nova leva de genes que aumentam a propensão à doença, que afeta 200 milhões de pessoas no mundo.

As descobertas de quatro equipes internacionais, publicadas na quinta-feira nas revistas Science e Nature Genetics, dão muitas informações sobre o papel dos genes numa doença também tremendamente influenciada pelo comportamento --comida demais e exercício de menos.

Os cientistas esperam que as conclusões ajudem a guiar o desenvolvimento de novas drogas contra a diabete tipo 2, antes considerada uma 'diabete de adultos', e de exames genéticos para determinar a predisposição de um indivíduo à doença.

Apesar da crescente incidência global, as causas subjacentes da doença ainda são muito mal compreendidas, o que restringe o tratamento e a prevenção.

Os cientistas vasculharam todo o genoma humano --mais de 22 mil genes conhecidos-- de cerca de 50 mil pessoas em vários países, com ou sem a doença.

Eles identificaram pelo menos oito genes que são claros fatores de risco - sendo três deles até então desconhecidos - e vários outros prováveis fatores de risco que merecem mais atenção. Todos são comuns na população em geral.

- Acho que demos um salto quântico em termos da nossa compreensão das variantes genéticas que contribuem como fatores de risco para a diabete tipo 2 - disse Michael Boehnke, da Universidade de Michigan, chefe de uma das equipes, por telefone.

O organismo do diabético é incapaz de produzir ou usar adequadamente a insulina, hormônio necessário para converter açúcar, amidos e outros alimentos em energia. A doença é uma importante causa de problemas cardíacos, derrames, cegueira, insuficiência renal e amputações.

O papel dos três novos genes não está claro. Dois podem estar ligados ao desenvolvimento, funcionamento e regeneração de certas células produtoras de insulina no pâncreas.

- Os genes que foram encontrados aqui são, sem exceção, totalmente surpreendentes - disse em entrevista David Altshuler, do Instituto Broad da Universidade Harvard e do MIT, responsável por outra equipe.

Os cientistas há muito tempo sabiam que, junto com os fatores comportamentais, havia também um fator hereditário na diabete. Mas só recentemente começaram a ser descobertos os genes específicos ligados a isso.

- Temos a possibilidade de ter um exame muitíssimo preventivo que meça seu risco de desenvolver diabete tipo 2 - disse Kari Stefansson, presidente da empresa islandesa DeCode Genetics, que chefiou outra equipe.

A diabete tipo 2 se diferencia da tipo 1 - diagnosticada normalmente em crianças e jovens - e da diabete gestacional. A incidência da 'diabete de adultos' vem crescendo em todo o mundo nas três últimas décadas, junto com os casos de obesidade, e agora afetam cada vez mais também jovens e até crianças.

Altshuler disse que só os genes não respondem por essa explosão de casos, que deve certamente ser atribuída ao sedentarismo e à alimentação. Mas ele estima que, em determinados grupos, o risco seja metade genético, metade comportamental.