ASSINE
search button

Erupções vulcânicas causaram aquecimento global há 55 milhões de anos

Compartilhar

Agência EFE

WASHINGTON - O aquecimento sofrido pela Terra há 55 milhões de anos foi causado por erupções vulcânicas na Groenlândia e na região ocidental das Ilhas Britânicas, indica um estudo publicado hoje pela revista 'Science'. A atividade vulcânica ocorreu durante a chamada 'máxima térmica Paleoceno-Eoceno' (PETM, em inglês) que causou um aumento de 5°C nos trópicos e de mais de 6°C no Ártico. São as conclusões dos cientistas do Centro de Oceanografia e Ciências Atmosféricas da Universidade do Oregon, nos Estados Unidos.

Segundo os geólogos, as erupções e a contaminação atmosférica resultante causaram o que é chamado de 'emergência planetária'. Houve um aumento da temperatura na superfície marinha, e os oceanos se tornaram mais ácidos, o que causou a extinção de muitas espécies. O estudo é importante porque documenta a reação do planeta à liberação de grandes quantidades de gases poluentes na atmosfera. Outro fato de destaque é que a pesquisa correlaciona, definitivamente, um importante acontecimento vulcânico com um período de aquecimento global, segundo os cientistas. Considera-se que os gases que causam o efeito estufa, entre eles o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4), atualmente produzidos pela atividade industrial, entre outras, são os componentes principais da poluição e do aquecimento global que o planeta está vivendo.

- Sem dúvida, as erupções e o aquecimento global estão vinculados, e o fenômeno constitui uma analogia para o que ocorre hoje - explicou Robert Duncan, um dos autores do estudo.

- Vestígios do aquecimento foram encontrados em resíduos marítimos, assim como evidências geológicas de que as erupções ocorreram ao mesmo tempo. Mas até agora não tinha sido criado um vínculo direto entre os fenômenos', disse o cientista.

Duncan também afirmou que, em alguns lugares do planeta, o aquecimento foi muito rápido, e, em outros, muito lento, 'como está acontecendo hoje'.

A ligação entre a atividade vulcânica e o aquecimento global surgiu da correlação dos registros fósseis examinados pelos cientistas, segundo o relatório da pesquisa. O PETM se caracterizou por enormes mudanças na composição carbono-isotópica dos oceanos e pela corrosão das camadas de plâncton, assim como pela extinção de alguns organismos do fundo dos oceanos.

Os cientistas também relacionaram o PETM à separação física da Groenlândia e do continente europeu - que formavam um só bloco -, através da análise das camadas de cinzas depositadas quando houve as erupções vulcânicas. Através de uma comparação das substâncias químicas residuais, estabeleceram que a composição das camadas de cinzas no leste da Groenlândia eram similares às dos sedimentos marítimos no oceano Atlântico.

- Acreditamos que as erupções vulcânicas começaram há cerca de 61 milhões de anos, e que se passaram outros cinco milhões até que o manto se enfraqueceu e o material fundido surgiu na superfície - explicou Duncan.

- Foi como se uma panela fosse destapada. A placa tectônica se partiu, e, assim, nasceu o oceano Atlântico - afirmou.

A atividade vulcânica registrada na Groenlândia entre 55 e 61 milhões de anos atrás trouxe à superfície cerca de 10 milhões de quilômetros cúbicos de magma. Segundo os cientistas, esses fluxos de lava podem ser vistos no oeste da Escócia e nas ilhas Faroe (pertencentes à Dinamarca). Depois de esfriar, eles deixaram marcas, que, em algumas áreas, têm até seis quilômetros de profundidade, explicaram os especialistas.