ASSINE
search button

Ano polar começa com preocupação sobre elevação dos oceanos

Compartilhar

REUTERS

OSLO - Mais de 60 países deram início, nesta quinta-feira, em meio a novos indícios de que o aquecimento global está derretendo o gelo acumulado nos pólos e elevando o nível dos oceanos, ao maior projeto de pesquisa científica sobre o Ártico e a Antártida já realizado. Em Oslo, cerca de 3 mil crianças montaram bonecos de neve meio derretida e agitaram bandeiras nas quais se lia a mensagem: 'Devolvam-nos o inverno'.

Em Paris, cientistas reuniram-se enquanto mais especialistas realizavam um encontro dentro de um barco de pesquisa na Cidade do Cabo a fim de marcar o início do Ano Polar Internacional (IPY, na sigla em inglês).

- O ano polar é importante para todo mundo que vive no planeta - afirmou o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, quando questionado sobre se os habitantes de locais como a África e a Ásia deveriam se preocupar com as pesquisas feitas nas extremidades geladas da Terra.

- Estamos assistindo a uma mudança climática clara nas áreas polares, e as pesquisas podem nos fornecer dados decisivos para a luta contra o aquecimento global - disse.

Durante o ano de pesquisa mobilizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 50 mil especialistas vão participar de 228 projetos, entre os quais projetos envolvendo o estudo da vida marinha na Antártida e análises sobre como os ventos carregam poluentes no Ártico e sobre o estado de saúde de seres humanos, ursos e pingüins que vivem nessas regiões. Alguns cientistas ainda devem levar aviões para dentro de tempestades na Groenlândia e medir a camada de gelo por meio de satélites. Outros vão avaliar como as renas estão enfrentando as temperaturas mais altas responsáveis por danificar suas pastagens de líquen.

O Instituto Polar Norueguês afirmou em um relatório que o derretimento das geleiras em Svalbard, uma cadeia de ilhas do Ártico localizada a cerca de 1.000 quilômetros do Pólo Norte, estava se tornando mais rápido.

- É fácil perceber que o derretimento acelerou-se nos últimos cinco anos - afirmou.

- Dessa forma, o gelo de Svalbard está contribuindo mais do que antes para a elevação do nível dos oceanos. A subida dos mares pode ameaçar cidades como Tóquio e Nova York - acrescentou.

As temperaturas no Ártico estão subindo cerca de duas vezes mais rápido do que a média global. O fenômeno deve-se, aparentemente, ao fato de a água e o solo, quando expostos ao Sol, absorverem mais calor do que a neve ou o gelo, que refletem mais a luz. A Antártida está conseguindo manter-se menos quente porque seu grande volume de gelo funciona como um refrigerador.

Os maiores especialistas em clima do mundo disseram, em um relatório divulgado pela ONU no mês passado, ser 'muito provável' que as atividades humanas sejam as principais responsáveis pelo aquecimento da Terra e previram que o nível dos oceanos poderia subir entre 18 e 59 centímetros até 2100. Por volta dessa época, os verões do Ártico já não contaram com gelo nenhum.