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GW Pharma testará remédio contra obesidade derivado de maconha

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REUTERS

LONDRES - O laboratório britânico GW Pharmaceuticals Plc disse na terça-feira que pretende dar início aos ensaios clínicos com seres humanos de um tratamento experimental contra a obesidade derivado da cannabis, planta da qual é produzida a maconha.

A planta costuma ser associada com o estímulo da fome, e várias outras empresas, como a Sanofi-Aventis, com o Acomplia, estão desenvolvendo novas drogas que tentam bloquear os circuitos cerebrais que deixam as pessoas com fome quando a consomem.

A GW Pharma, porém, afirma ter produzido um tratamento a partir da própria cannabis, que pode ajudar a suprimir a fome.

- A planta cannabis tem 70 canabinóides diferentes e cada um deles tem um efeito diferente no corpo - disse Justin Gover, um dos diretores do laboratório.

- Alguns podem estimular o apetite, e alguns, na mesma planta, podem suprimir o apetite. É incrível, em termos tanto científicos como comerciais - afirmou ele.

A GW disse que pretende dar início aos ensaios clínicos do novo remédio no segundo semestre deste ano. Os medicamentos têm de passar por três estágios de testes em seres humanos antes de ser avaliados pelas entidades de regulamentação, num processo que leva anos.

O Acomplia, da Sanofi-Aventis, já está à venda na Europa e está esperando uma decisão em abril relativa a sua liberação nos Estados Unidos. A empresa estima que o medicamento, que combate a obesidade e suas consequências, possa gerar receitas anuais de até 3 bilhões de dólares.

Vários outros grandes laboratórios já têm produtos semelhantes ao Acomplia na fase de ensaios clínicos.

A GW é conhecida por ter desenvolvido o Sativex, um tratamento derivado da cannabis que combate a ocorrência de espasmos em pacientes com esclerose múltipla. O Sativex, um spray aplicável embaixo da língua, já foi aprovado no Canadá, mas está enfrentando dificuldades na Grã-Bretanha.

O laboratório espera obter a aprovação do Sativex no segundo semestre deste ano na Grã-Bretanha, na Dinamarca, na Espanha e na Holanda, segundo afirmou na terça-feira.

As plantas de maconha da GW são cultivadas numa estufa fechada num local não-divulgado, no sul da Inglaterra.