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Tradicional bloco afro Ilê Aiyê faz homenagem ao Recôncavo Baiano

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O tradicional Ilê Aiyê, bloco afro mais antigo do Brasil, fez seu cortejo neste sábado (6). Este ano, o famoso “Pérola Negra” escolheu o Recôncavo Baiano para homenagear, com o tema O Recôncavo é Afrodescendente, região que abriga população com mais de 80% de negros.

“Era um sonho trabalhar o recôncavo. É um tema muito rico, uma região com muitas manifestações culturais e, na década do afrodescendente, nós queremos mostrar que o recôncavo tem a cara preta, é uma terra de negros, porque muitos ainda não assumem a própria negritude. O Recôncavo Baiano é o coração negro do Brasil, mas precisa bater mais forte, precisa ser despertado o sentimento de negritude”, disse um dos fundadores do bloco, Antônio Carlos dos Santos, Vovô do Ilê, antes da saída do cortejo.

Larissa Oliveira, 22 anos, recentemente eleita, entre 15 finalistas, para o posto de Rainha do Ilê 2016, foi vestida por uma das fundadoras do grupo e estilista Dete Lima. Larissa contou a sensação de repesentar aDeusa do Ébano deste ano. “É uma sensação gostosa, não tenho o que explicar, não tenho palavras. É uma responsabilidade muito grande. Tenho que ser firme e forte, não posso desistir, devo segurar o meu manto e representar a beleza e a força da mulher negra. O processo de preparação foi de muito descanso, com alimentação correta e pouca conversa”, completou, sem poder detalhar os três dias do ritual de preparação.

Na vestimenta do bloco - também conhecido como Mais Belo dos Belos - as cores vermelha, amarela, preto e branco dão o colorido forte e chamativo. Segundo Vovô do Ilê, o vermelho representa o sangue derramado pelos negros, no período da escravidão no Brasil; o amarelo representa o poder; o preto, a cor da pele do povo negro; e o branco simboliza o Orixá da paz, Oxalá, da religião Candomblé.

Celebridades e políticos acompanharam o ritual no Terreiro e cumprimentaram a nova Rainha do ilê. Presente na concentração, antes do desfile, o governador da Bahia, Rui Costa, disse que o Ilê tem a linguagem, estética e expressões cultural e musical como fortes marcas que representam a alma do povo negro na Bahia. “A beleza do desfile só se vê no nosso estado, aqui na Liberdade, sendo mostrada para o resto do mundo”.

Após ritual no terreiro, os três fundadores do Ilê soltaram três pombas brancas, como forma de representar a paz e abrir os caminhos para o grupo sair às ruas. Ao som do toque dos tambores, o bloco subiu a ladeira do Curuzu, em direção à Senzala do Barro Preto, sede do Ilê e, na madrugada, continuou o cortejo até o Campo Grande, no circuito Osmar.