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Vila Isabel comemora e chora vitória já esperada: é tricampeã!

Jejum de sete anos foi quebrado em grande estilo, com o samba de Martinho da Vila e Arlindo Cruz 

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O jejum de sete anos da Azul e Branca de Noel Rosa, finalmente, foi quebrado nesta quarta-feira de Cinzas (13). Com apenas três décimos à frente da vice-campeã, Beija Flor de Nilópolis, a Vila sacudiu a Marquês de Sapucaí na manhã da última terça-feira (12) com uma grande homenagem ao agricultor brasileiro. Passou sem nenhum erro de evolução - ao contrário de outras gigantes como a Beija Flor de Nilópolis e a Unidos da Tijuca. 

O tradicional Azul e Branco cedeu lugar ao verde do campo. A  experiente carnavalesca Rosa Magalhães, como sempre, aliou o luxo das fantasias dos desfilantes à praticidade. Com peças leves, não faltou samba no pé e gogó para cantarolar os versos que Martinho da Vila e Arlindo Cruz compuseram para alavancar a agremiação da Zona Norte.

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Para o presidente da escola Wilsinho, filho do acusado de contravenção Wilson Alves, não fosse o samba e o patrocínio da gigante de fertilizantes BASF (que destinou mais de R$ 3 milhões à agremiação), seria difícil trazer o título. Tem razão. O samba caiu nas graças do público meses antes do desfile. Ao lado do samba portelense, foi o mais cantarolado. Ao pisar na Apoteose não foi diferente. Num canto só, o público sagrou a Vila como a grande campeã muito antes dos jurados atribuírem a cada um a sua pontuação. O arraiá dos versos se fez ali. Bem na frente dos jurados.

A carnavalesca Rosa Magalhães não acompanhou a apuração. Ficou em casa, de molho, com as pernas inchadas depois de passar noites em claro no barracão da Azul e Branca na cidade do samba.

Uma das musas mais disputadas pelos fotógrafos, a apresentadora da Band Sabrina Sato já chegou à Passarela do Samba dizendo que, independente do resultado, a Vila já tinha sido consagrada pelo público. Dito e feito.

"O povo já fez da Vila a grande campeã do carnaval, porque foi a única escola aplaudida durante todo o desfile e fez o povo cantar todo o samba. Independente do resultado da apuração, a Vila Isabel já ganhou", afirmou a musa, ainda sem saber que aquela era a escola eleita.

"Já renovei contrato com a Rosa Magalhães na semana passada. Não posso correr o risco de perder a campeã", disse Wilsinho sobre o destino da agremiação em 2014. "O resultado é um produto de decisões acertadas. Desde o início muita coisa foi sendo feita corretamente. A escolha do samba foi a principal delas. Depois veio o patrocínio muito bem aliado à criatividade da gênia Rosa Magalhães", vangloriou-se o presidente. "Será que vai dar todo mundo na quadra?", quis saber o presidente. O espaço foi reformado recentemente e certamente comportará um número maior de foliões do que no carnaval de 2006.

Para Sabrina Sato, "deu arraiá" na Sapucaí. "A Vila de Noel, Martinho, Arlindo e mestre Paulinho fez um arraiá maravilhoso. É merecido, minha gente!, emocionou-se".

Outra musa criada no bojo de samba e filha de sambistas, Quitéria Chagas, não conseguia falar. Aos pulos, Quitéria vibrava. "Esse carnaval era da Vila desde o início. Me sinto muito honrada em fazer parte".

O desfile

Se ainda nos preparativos para o carnaval deste ano a Unidos de Vila Isabel foi coberta de elogios pela escolha de seu samba, composto por nomes como Arlindo Cruz e Martinho da Vila, depois do desfile, a merecida paparicação foi estendida às alegorias, carros, fantasias e evolução. Num dia recheado de problemas em carros alegóricos de diversas agremiações, a Vila Isabel, já favorita ao título, despontou para o primeiro lugar no ranking. Foi difícil encontrar uma concorrente à altura.

Com um grande caixote na comissão de frente, a Vila  representou o transporte dos alimentos do campo para a cidade. Os carros grandes e luxuosíssimo, marca da experiente carnavalesca Rosa Magalhães, impactaram o público. Todos estavam muito bem iluminados. 

O azul e branco cederam lugar ao verde, para que o Brasil rural e os hábitos do homem do campo fossem representados. Uma observação que não necessariamente precisa ser encarada como problema é que algumas alas estavam muito parecidas. Muito milho, muita palha. A carnavalesca construiu as alegorias de maneira bem linear. Com alas de sementes, plantação de algodão, imagens de plantação e também de devastação. 

Destaque para a fantasia das baianas. Todas vestidas de joaninha - insetos benéficos para o desenvolvimento  das plantações. Um dos muitos destaques de chão, Bianca Ferreira vestiu-se com o verde da plantação. Usando pedras brilhantes verde e prateada, a integrante abriu espaço para o carro "Ciclos da vida e da morte na natureza", que mesclou tons de verde forte com imagens de destruição de plantações.

À frente dos rimistas da Azul e Branco, a apresentadora Sabrina Sato veio fantasiada de "O pássaro do campo". Os integrantes da bateria, por sua vez, eram espantalhos. Depois foi a vez dos girassóis marcarem o terceiro setor. O carro que levou o nome da flor marrom e amarela representou o cultivo do homem no campo.

Já no final do desfile os destaques foram o prefeito Eduardo Paes e o cantor e compositor Seu Jorge.  A dançarina Quitéria Chagas veio representando as festas caipiras. 

Quem achou que o enredo patrocinado engessaria e prejudicaria a escola, enganou-se. Os mais de R$ 3 milhões garantidos pela empresa de fertilizantes BASF contribuíram muito para a qualidade do material das alegorias e para o luxo dos carros.