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Portela encerra 1ª noite de desfiles e mostra porque é a Majestade do Samba

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Muito diferente do que se viu ao longo dos últimos meses na preparação para o desfile na Passarela do Samba, a Portela surpreendeu a todos com excelente desfile na primeira noite de apresentações do Grupo Especial e, certamente, estará no Desfile das Campeãs. 

Com uma grande homenagem aos seus 90 anos e aos 400 do bairro suburbano, a agremiação homenageou o bairro-sede no samba-enredo "Madureira... Onde o meu Coração se Deixou Levar". Não faltaram personagens e grandes nomes para serem retratados na Passarela do Samba.

Personalidades que ajudaram a escrever a história da escola e do samba no Brasil, como Paulinho da Viola, Monarco, Teresa Cristina e Tia Surica foram, como não poderia deixar de ser, os grandes destaques da agremiação. Todos ali cantando a sua própria história.

Com fantasias de altíssimo nível - apesar dos problemas financeiros que a escola enfrentou ao longo do ano - o bairro foi muito bem representado. Teve espaço para o berço do samba, com destaque para os bambas, para o famoso mercado suburbano, o Mercadão de Madureira, e também para outras atividades muito comuns no bairro como o jogo de basquete debaixo do viaduto Negrão de Lima - carinhosamente conhecido como viaduto de Madureira.

Na comissão de frente "Trem de luxo", uma homenagem ao principal meio de transporte do subúrbio. Responsável pelo crescimento do bairro e personagens da época, o trem transformou-se em camarim do Teatro de Madureira. O público assistiu ali uma grande brincadeira: o trem virou teatro e componentes fantasiados de malandros se vestiram de vedetes na frente do público.

A principal diferença entre a agremiação de Madureira e as concorrentes que desfilaram anteriormente está "no próprio portelense", como bem definiu o carnavalesco Paulo Menezes. A declaração pode parecer óbvia e clichê, já que vem de um dos principais integrantes da escola. Não é, no entanto, o que pensam aqueles que assistiram ao desfile até o fim nesta primeira noite.

Havia algo diferente, mais solto, mais popular, mais subúrbio, mais Rio, mais samba. Era a própria Majestade do samba passando. Ninguém ficou parado. Até os seguranças da Liga Independente das Escolas de Samba habituados a não cantar, nem sambar, não resistiram. Arrastaram os sapatos. Reverenciaram a Majestade. O samba estava na ponta da língua de todos. A madrinha de bateria do Salgueiro, Viviane Araújo, ao tentar passar pela escola também cantou os versos da concorrente. Cantarolou para a Portela.

A rainha de bateria da escola veio representando uma pombagira, remetendo às energias das proximidades do Mercadão de Madureira. Descalça e no meio da bateria, a rainha Patrícia Nery pisou na Sapucaí como Maria Padilha, uma entidade da umbanda.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representavam a Amazônia - refizeram um mini carnaval relembrando o de 1970. Já o carro abre alas tinha cerca de 50 m de comprimento, com uma águia na frente e praticamente todo azul - que junto com o branco são as cores oficiais da Portela. O refrão "Abre a roda, chegou Madureira. A poeira já vai levantar, o batuque ginga iô iô, ginga iá iá" foi desconsertante.

As baianas da agremiação representaram a chegadas das famílias ao bairro de Madureira. Outra parte importante da escola de samba - a bateria - se apresentou com 'paradinhas' e manteve o ritmo da Portela.Em outra alegoria, chamada de 'O partideiro que versou o mercadão', lembrou do mercadão do bairro carioca, local tradicional de intens de candomblé e ubanda, com grandes caixas e um painel. 

Uma das curiosidades do desfile foi que um dos mestre-salas da Portela pintava com spray a porta-bandeira durante a apresentação.As duas escolas de samba de Madureira - Portela e Império Serrano - tiveram destaque em um dos carros alegóricos nas cores verde (Império), azul e branco (Portela). Além disso, uma flâmula carregada por outra porta-bandeira mostrava os símbolos das duas escolas do bairro.

Com Portal Terra