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Niemeyer e prefeito do Rio festejam origem do samba com Vila Isabel 

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Antes de a Vila Isabel festejar a terceira colocação no Carnaval carioca de 2012 durante o desfile das campeãs, realizado na madrugada deste domingo (26) na Marquês de Sapucaí, o arquiteto Oscar Niemeyer, 104, levado em cadeira de rodas, e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, atravessaram a passarela do samba.

Puxada pela rainha de bateria, Sabrina Sato, a agremiação cantou uma ode ao "semba", ritmo angolano que influenciou o samba, com o samba-enredo Com o enredo Você semba lá ... Que eu sambo cá!, destacando as paisagens, a cultura africana e a miscigenação com o povo e a cultura brasileira.

O tema defendido pela escola foi concebido por Martinho da Vila, integrante da agremiação e membro da comissão de compositores da Vila Isabel desde 1963. O sambista foi homenageado durante a passagem pela Sapucaí, sendo destaque do último carro alegórico que simbolizava a relação entre o Brasil e Angola. Sua filha, a cantora Martnália, desfilou entre os integrantes da bateria da Vila Isabel.

Logo na chegada na passarela do samba, a escola encantou o público com a elaborada comissão de frente. A ala representou uma savana africana, onde os dançarinos faziam coreografias encenando o movimento dos animais entre um gramado seco. A comissão também contou com uma alegoria que, além da grama, apresentava uma árvore típica da região se transformando ao longo do desfile em um rinoceronte.

As paisagens naturais do continente foram apresentadas logo no início do desfile, no carro abre-alas. A alegoria "A Fauna Selvagem Angola" também mostrou animais africanos, como zebras, flamingos, leopardos, girafas e crocodilos.

As alas também ressaltaram a exuberância das espécies de animais de Angola, além da relação dos habitantes do país com a natureza. O tema foi destaque na segunda alegoria, que mostrou uma grande árvore chamada Imbodeiro, ornamentada com diferentes estampas e texturas de tecidos representando as peles de animais da África. Outra alegoria, "No Reino da Rainha Njinga", destacou a história da rainha e sua relação com as etnias que compõem o povo angolano.

A saída dos povos angolanos para o Brasil foi lembrada em alegoria que retratou os navios negreiros. A ala das baianas, com fantasias brancas com detalhes em tecidos de diferentes estampas africanas, lembrou o sentimento de saudade que os escravos sentiam de sua terra natal, chamado de banzo. As demais alas mostraram a resistência cultural dos negros no País e a miscigenação que formou a população brasileira e sua cultura, com a tradição das festas e cultos religiosos. A alegoria "A Festa do Divino" ressaltou essa herança cultural.

No encerramento do desfile, a Vila Isabel destacou a criação do samba, a partir da influência do ritmo africano "semba". As alas mostraram a proximidade entre os ritmos e também as particularidades do ritmo brasileiro.

Na última alegoria, a velha guarda trajou roupas típicas de Angola com Martinho da Vila como destaque, simbolizando a integração entre os dois ritmos e as duas culturas. O cantor brasileiro foi nomeado embaixador cultural de Angola antes da independência do país ser reconhecida pelo governo brasileiro.