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Salgueiro lembra centenário de Luiz Gonzaga em literatura de cordel 

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A Acadêmicos do Salgueiro entrou na avenida com muito gibão, couro e empolgação. A escola homenageou a literatura de cordel com o enredo Cordel Branco e Encarnado. Terceira escola a desfilar nesta segunda-feira (20), o Salgueiro teve dificuldades para entrar na avenida com suas alegorias, mas a preocupação deu lugar a alegria durante o desfile que contagiou o público.

Em função das dimensões, três carros tiveram problemas logo na entrada da Sapucaí. O abre-alas teve um princípio de incêndio na dispersão, e o último carro alegórico entrou apagado na Sapucaí, com problemas no gerador. Além disso, outros carros tinham peças removíveis que foram colocadas com as alegorias já na avenida, o que causou um grande espaço vazio entre as alas iniciais.

O desfile apresentado na avenida mostrou a história e as influências sobre a literatura de cordel, elemento típico da cultura sertaneja. A comissão de frente apresentou uma carroça de artistas mambembes, com os dançarinos vestidos de cangaceiros. Ao longo da Sapucaí, a carroça dá lugar um dragão, que é derrotado pelos dançarinos. A história remete à origem da literatura de cordel, na Europa medieval.

As alas iniciais mostraram o surgimento da técnica do cordel, e o abre-alas "O Reino do Cordel" mostrou sua utilização na realidade sertaneja. Foram 26 esculturas de bonecos coloridos, misturando a origem medieval com a tradição nordestina da literatura. As lendas retratadas nas histórias de cordel foram mostradas na segunda alegoria, "A Barca da Encantaria". O carro mostrou grandes serpentes roxas, dragões e sereias por toda lateral.

Algumas lendas folclóricas e personagens característicos do sertão foram retratadas nas alas. As baianas do Salgueiro estavam fantasiadas de Maria Bonita, a esposa do cangaceiro Lampião. As roupas, com saias mais curtas que o habitual, estavam trabalhadas em laranja, vermelho e marrom. A bateria desfilou de cangaceiros, e fez diversas paradas durante a execução do samba enredo. Em alguns momentos, os ritmistas deixaram de lado os tamborins e tocaram xote, levantando o público.

Uma das alegorias que apresentou problemas no início do desfile, "Pavão Misterioso" chamou atenção na avenida. O carro retratava um dos mais populares cordéis do País com bicicletas presas nas laterias pedaladas por passistas. As alas trabalharam temas recorrentes do cordel, como os perigos do sertão, as aflições do povo nordestino e a morte. A velha guarda da escola desfilou como os coronéis do Nordeste.

A alegoria "Imagens Poéticas do Sertão", com fortes cores laranja e chão batido de terra, mostrou cenas do cotidiano sertanejo. À frente do carro, uma escultura de cavaleiro do cangaço foi destaque no carro que retratou histórias de Lampião. Nas laterais, passistas com espingardas dançavam ao lado de esculturas de bois e carcaças.

No encerramento do desfile, o Salgueiro homenageou os maiores poetas e autores de cordel, com alas que destacaram suas obras. O último carro alegórico, que conseguiu resolver seus problemas de iluminação, apresentou um grande teatro iluminado, com esculturas de trios nordestinos tocando instrumentos típicos de forró. A alegoria, muito iluminada e com diversos destaques, tinha ao fundo uma estrutura que lembrava o sol.

Histórico

Em 1953, a Acadêmicos do Salgueiro foi criada após outra escola do morro do Salgueiro, a Unidos do Salgueiro, ter recusado a união entre os sambistas. Ao longo dos anos, a Unidos caiu no esquecimento, e o Salgueiro entrou para história por ter promovido grandes mudanças estéticas no Carnaval, com o carnavalesco Joãosinho Trinta.

Ficha técnica 

Presidente: Regina Celi 

Carnavalesco: Renato Lage e Márcia Lage 

Intérpretes: Quinho, Serginho do Porto e Leonardo Bessa 

Cores: vermelho e branco 

Posição no Carnaval de 2011: 5º lugar