RIO - A Estação Primeira de Mangueira foi a última escola a entrar na Sapucaí no primeiro dia de desfiles do Rio de Janeiro. Momentos antes do cronômetro começar a contar o tempo, o carro abre-alas apresentou dificuldade de manobra ao ser posicionado na entrada da avenida.
Assim que esse e o problema no som foram resolvidos, Ivo Meirelles, presidente da agremiação, mandou seu recado à nação mangueirense. Em seguida, o ator Milton Gonçalves discursou em homenagem a todos os integrantes da comunidade verde e rosa e, finalmente, foi dado início ao desfile dessa, que já foi campeã por 18 vezes do Carnaval carioca. Por conta dos discursos, o desfile começou com meia hora de atraso.
O samba foi cantado pelo público e a emoção tomou conta da Avenida. A cantora Beth Carvalho, em cadeira de rodas, foi içada por um guindaste até o carro alegórico em que desfilou. Ela estava visivelmente emocionada, junto com o jornalista Sérgio Cabral. Os dois tiveram participação no desenvolvimento do enredo, pois foram amigos de Nelson Cavaquinho, tema do enredo, e contaram detalhes da vida do compositor para os carnavalescos da escola.
O carro "Relógio" foi lembrado por Beth e Sérgio Cabral, como mais uma homenagem a Nelson Cavaquinho que, certa vez, não permitiu que o relógio da sua casa passasse das duas horas da madrugada, porque sonhara que morreria naquela noite, às três horas da manhã. Nelson sempre conviveu com a fatalidade e, por isso, sua poesia é marcada pela melancolia.
Uma das alas que mais chamou a atenção no desfile da verde e rosa foi a ala "Lívia". É o nome de uma mulher que Nelson conheceu na Lapa e a quem dedicou uma música, cujos versos dizem:'muita gente tem o corpo tão bonito, mas ninguém tem a alma tatuada'. Os integrantes da ala têm tatuada no braço a palavra 'Lívia'. Corações fazem parte dos adornos.
O figurinista da ala, Bruno de Oliveira, disse que as fantasias são simples, mas coloridas, para representar cada pedaço da música de Nelson Cavaquinho.