ASSINE
search button

Dilemas juvenis em questão na XV Bienal do Livro Rio  

Debate sobre os enigmas da adolescência entre a escritora Thalita Rebouças e a educadora Tânia Zagury tem sessão concorrida

Compartilhar

Entender o mundo das adolescentes não é fácil. Que o digam pais, parentes e professores. Enigmas a serem decifrados, as angústias e os dissabores juvenis foram o tema da palestra “As leitoras adolescentes: quem são e o que querem”, que reuniu a escritora Thalita Rebouças e a educadora Tânia Zagury, com mediação da jornalista Isabella Saes, nesta segunda-feira à noite, no espaço Mulher e Ponto, na XV Bienal do Livro Rio. 

A presença de Rebouças, ícone teen que já vendeu mais de um milhão de exemplares de seus livros, levou muitas jovens – e algumas mães – a formarem fila desde cedo no Riocentro para garantir a senha para a sessão. No fim, a escritora ainda promoveu uma breve rodada de autógrafos.

Com uma base de leitores formada por adolescentes, a escritora afirmou que não há mistérios nem grandes mudanças da geração anterior de jovens para esta: “Elas querem a mesma coisa que eu queria aos 14 anos: ser entendidas, se comunicar, se expressar, mas têm uma certa insegurança sobre a forma certa a ser feita. Elas estão no meio-termo entre o adulto e a criança, mas sem as máscaras do mundo adulto. Elas não gastam sorriso à toa, são sinceras”, disse Rebouças.

A educadora Tânia Zagury ressaltou que o período de transformação da fase infantil para a vida adulta é, de fato, muito complicado: “As transformações são constantes: físicas, cognitivas, afetivas… Elas querem livros que falem de suas vidas. É uma forma de diminuir as dúvidas e ter mais conforto. Elas querem se encontrar, se conhecer”, completou.

A relação das jovens com a leitura foi outro tema abordado durante a conversa. Para as duas, o hábito da leitura deve ser estimulado por pais e professores.

“Quando elas possuem pais que leem em casa, é mais fácil adquirir esse gosto. É o mesmo que acontece quando, na escola, os professores estimulam de maneira interessante a leitura, não através da obrigação”, afirmou Tânia Zagury.

Apesar de tocar profundamente em temas do cotidiano das adolescentes, Thalita Rebouças confessou que seu primeiro livro tinha como foco o público um pouco mais velho, entre 18 e 25. Contudo, a resposta foi outra.

“Quando escrevi o primeiro livro, pensei que atingiria um leitor mais velho. No entanto, quem se interessou foram as garotas mais jovens. Elas diziam que era como se eu olhasse pela fechadura da casa delas e escrevesse o que se passava. Amei! Não quero dar uma de tia chata, com sermões e lição de moral. Quero relatar o dia-a-dia delas e fazer com que pensem e criem senso crítico”, explicou a escritora.