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Vampiros, bruxas e redes sociais entram em discussão na XV Bienal do Livro Rio

Em encontro concorrido, escritoras debatem a popularidade de séries sobre figuras mitológicas. Relação entre literatura e internet ganha espaço na festa literária

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Os personagens são seculares, mas o assunto não poderia ser mais atual. Sempre de olho nas tendências mais em voga no mundo literário, a XV Bienal do Livro Rio abriu espaço, nesta sexta-feira à noite (2), para as figuras mitológicas no Café Literário. O espaço reuniu a historiadora americana Deborah Harkness, autora de A Descoberta das Bruxas – primeiro livro de uma trilogia sobre uma bruxa que vive nos dias atuais –, e a escritora Mary del Priore, de Histórias Íntimas, para discutir o tema “Magia e verdade do imaginário: por que nos atraem vampiros e bruxas?”, em um encontro concorrido, com todas as mesas ocupadas.

As duas começaram o encontro traçando um apanhado histórico e lembraram que, quando esses mitos foram criados, as pessoas acreditavam que eles existiam de fato. Del Priore falou sobre o período da Inquisição e da perseguição do Estado a pessoas que eles desconfiavam ser vampiros ou bruxas. “Naquela época, havia muita crença em fenômenos e criaturas sobrenaturais. Há relatos sobre animais que nasciam em mulheres, crianças com deformidades provocadas pelo demônio… É uma mitologia que sempre mexeu com as pessoas”.

Para ambas as escritoras, o tema de bruxas e vampiros atrai tanto as pessoas devido ao lado lúdico da história. Serve como forma de escape para a sociedade, além de ser uma diversão para todas as idades, com livros e filmes. Harkness lembrou ainda a importância da série Harry Potter, que, para ela, criou nas crianças o prazer da leitura que atualmente não se vê nem em muitos adultos. “Hoje, é possível ver crianças com verdadeiros calhamaços na mão e lendo com muito prazer. Já tive alunos que reclamavam de ter de ler 50 páginas”, disse a americana.

No espaço Mulher e Ponto, a discussão girou em torno das relações entre as redes sociais e a literatura, em mesa-redonda que contou com a presença das escritoras Simone Campos e Claudia Nina, que também é jornalista, professora e crítica literária. A mediação foi da jornalista Tânia Carvalho. O trio discutiu o papel desempenhado pela internet no trabalho das autoras e na divulgação da literatura.

“Classifico minha vida entre antes e depois do Facebook. Não sou uma pessoa de ir a bares e à praia e a rede social me ajudou a fazer contatos. Trata-se de uma oportuna ferramenta de trabalho em que posso expor minhas ideias de forma envolvente”, disse Claudia Nina, que também explicou como a internet facilitou a produção de seus livros: “Consegui um ilustrador para uma das minhas obras, A banca dos feiosos, a partir de álbuns do Facebook”. 

Já Simone Campos, autora de apenas 28 anos que lançou seu primeiro romance aos 17, disse que os autores por vezes são muito inacessíveis. “Quero ser compreendida e por isso comecei a escrever de maneira mais simples. As redes sociais podem ajudar as pessoas a lerem mais”, afirmou. Nina também elogiou a instantaneidade da comunicação pela internet: "Quando eu escrevia em jornal, algumas pessoas liam aquilo e depois o texto morria. No Facebook, você observa a reação das pessoas".

Neste sábado, a partir do meio-dia, um dos espaços mais concorridos do evento, o Conexão Jovem, que é uma das novidades da Bienal para este ano, cuja ideia é colocar os autores em contato o público teen, terá como primeira atração internacional Alyson Noël (Íntriseca), autora de Para sempre, Lua azul, Terra de sombras, Chama negra, Estrela da noite, Infinito ? os seis volumes da série Os imortais ? eRadiante, primeiro livro da série Riley Bloom. Publicados em 37 idiomas e 50 países, seus livros ultrapassaram os seis milhões de exemplares vendidos nos Estados Unidos e 300 mil no Brasil. A sessão acontecerá no auditório Dinah Silveira de Queiróz, no Pavilhão 3 (azul), com capacidade para 400 pessoas.

A partir das 14 horas, o Café Literário traz o tema “Histórias de mulheres, fontes de narrativas”, tendo a participação da autora internacional Audrey Niffenegger (Objetiva), autora do best-seller A mulher do viajante do tempo, e Letícia Wierchkovski (Record), autora de A Casa das Sete Mulheres. Às 16h30, no espaço Livro em Cena, no pavilhão verde, Guimarães Rosa ganha vida na voz do ator Antônio Grassi, que interpretará trechos de A Terceira Margem do Rio, O espelho e Sorôco, sua mãe e sua filha. Já às 17 horas, o Mulher e Ponto recebe O homem que entende as mulheres, o autor de O que toda mulher inteligente deve saber, Steven Carter (Sextante).

Também às 17h, o Café Literário discute o Escrever em situação pós-colonial, com o escritor indiano Amitav Ghosh (Objetiva), e Abraham Verghese (Companhia das Letras). Em seguida, às 18h30, o espaço recebe mais uma mesa com o selo Brasil, discutindo Ficção e instinto de nacionalidade com a autora Ana Maria Machado (Objetiva) e Edney Silvestre (Record). A historiadora e escritora Rosa Maria de Araujo será a mediadora. No espaço Livro em Cena, a cantora Elba Ramalho interpreta trechos da obra de João Cabral de Melo Neto:Morte e Vida Severina. Às 19h30, no Mulher e Ponto, Míriam Leitão (Record) fala do seu best-seller sobre a inflação, Saga Brasileira - A longa luta de um povo por sua moeda, em entrevista à jornalista Flávia Oliveira. Fechando a programação deste sábado, o Café Literário apresenta às 20 horas os escritores Ferreira Gullar (Record), Antonio Cicero (Companhia das Letras), e Viviane Mosé (Record), para participar do Sarau Poético.