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Só eleições livres podem paci?car o Brasil

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Esta é a mais longa e profunda crise da história brasileira. Um governo instalado mediante processo que a própria Comissão do Senado diz que não teve fundamento (ao reconhecer que não houve pedaladas fiscais no governo Dilma); que congrega ao maior grupo de acusados de corrupção da história política brasileira; com um apoio próximo a 3% e uma rejeição de quase 90%. A economia brasileira segue mergulhada numa profunda recessão, como resultado de um desastrado ajuste fiscal, que tira recursos das políticas sociais, direitos dos trabalhadores, patrimônio público do Estado. Em meio a tudo isso, a ruptura institucional, em 2016, como resultado de uma brutal campanha midiática de ódio, instaurou no país o pior clima político, sem convivência pacífica nem debates tranquilos de argumentos. 

A judicialização da política é parte integrante desse clima odioso. O Judiciário promove processos sem fundamento, comete e permite arbitrariedades que expropriam o direito de o povo decidir, soberanamente, os destinos do país. Numa democracia, as eleições gerais são o instrumento para restabelecer a legalidade reconhecida por todos e o clima de debate de alternativas para o país. Nada substitui isso. O Judiciário não pode tirar do povo esse direito. Ainda mais que, no caso atual, tenta tirar das eleições, mediante um processo e uma condenação sem provas, por convicções, o candidato que lidera todas as pesquisas. 

O Brasil não voltará a ser um país democrático, com debates políticos livres substituindo processos e condenações arbitrárias, sem que o povo possa se manifestar livremente, fechando um período absolutamente anormal, cheio de ódios, de discriminações, de exclusões arbitrárias, se não houver um processo eleitoral absolutamente livre. A quem interessa um país como este, anormal, com governo ilegítimo, com juízes atuando sem nenhum tipo de controle, com o capital  financeiro mandando na economia, com o Judiciário mandando na política, com os meios de comunicação impondo campanhas de desqualificação de líderes que considera seus adversários? Interessa a quem não quer o Brasil como um país democrático, com governos eleitos pelo povo, com projetos nacionais que contemplem as necessidades de todo mundo. A quem não quer o Brasil como potência emergente no mundo, como aglutinador dos países do Sul do mundo, em processos de integração regional. 

A quem não quer que retomemos o crescimento econômico que expande o mercado interno de massas, com distribuição de renda e inclusão social. A quem ganha, hoje, com a recessão e o desemprego: os que vivem da especulação e não da produção e da geração de empregos. Quem pode estar contente com o Brasil de hoje? Quem se sente bem com o clima violento e odioso que foi instalado? Quem sente confiança no futuro do Brasil como projeção deste país de hoje? Só eleições livres e democráticas, cujos resultados sejam reconhecidos por todos, podem pacificar o Brasil. Podem fazer o Brasil voltar a ser um país respeitado internacionalmente, com Estado e governos reconhecidos por todos os brasileiros. Em poucas semanas teremos o desenlace da pior crise que o Brasil já viveu em toda a sua história. Será o desenlace que desemboca no reencontro com a democracia, ou o país, à beira do precipício, será empurrado para um destino que conclui a destruição do que de melhor conseguimos construir nos anos de democracia?

* Sociólogo