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JB no campo - Exportação de derivados de leite, o exemplo do Funrural

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Registramos nesta coluna no domingo passado que os produtores de leite deveriam  se unir para o Brasil ter uma equipe de elite voltada exclusivamente para a exportação de derivados de leite. Uma força nova, de talentos, com recursos financeiros e tenacidade para atingirmos  em alguns anos a  exportação de pelo menos 20% da nossa produção. Isso representaria apenas 1% da produção mundial estimada pela FAO. 

Vale a pena ler o artigo de Denis Teixeira, Glauco Carvalho, e João César, da Embrapa Gado de Leite, na última edição da revista Balde Branco. Estamos tentando sensibilizar pessoas para o óbvio, milhões de empregos dependem disso. Como não há regulação ou garantias de preços mínimos para o produtor, milhares de produtores rurais deixaram a atividade nos últimos anos. 

Observa-se também uma concentração da produção em fazendas de maior porte, o que promove um grande desequilíbrio lógico nos preços pagos a quem produz em maior ou menor volume. Além disso, a gestão de cooperativas (com exceções) continua a abrir espaços para a concentração industrial dos processadores de leite in natura. Estamos queimando empregos, grande fórmula para desorganização social, desigualdade, insegurança. 

Então, o esforço de alguns produtores rurais seria patriótico, demandando neste ano eleitoral um PROGRAMA, uma EQUIPE, um movimento pró exportação. E rápido, pois nenhum resultado será imediato. Entra aqui o exemplo do Funrural, uma confusão tributária contra a qual produtores se insurgiram, acabando conseguindo vitória parcial com a derrubada de vetos do Executivo pelo Congresso.

Longe do meu pensamento defender privilégios ou incentivos sem lógica pública conquistados por movimentações corporativistas ou lobby. Aliás, para melhorar a segurança no Rio de Janeiro uma medida que eu sugeriria seria suspender de imediato todos os incentivos fiscais de ICMS por um ou dois anos e aplicar todo o resultado daí advindo no reequipamento do sistema de segurança do Estado, no Estado. Os fluminenses não têm ideia de quantos bilhões surgiriam nos cofres para combate a essa guerra civil hoje  instalada. 

Voltando ao tema: pedir uma política, uma equipe dedicada à exportação poderia ser vitoriosa se articulação semelhante à que foi feita em torno do Funrural venha a ser inaugurada. E repito, não devemos contar com a chamada “cadeia do leite” para isso. Protagonistas do setor industrial de lácteos têm suas matrizes na Comunidade Europeia, e quem decide importações e exportações nunca será uma filial.  

Quem precisa carregar esse andor são os produtores, pequenos, médios e grandes. Como mobilizar gente que produz e emprega para sugerir, pressionar, o pobre quadro político que temos hoje? Imagino que no Centro-Oeste, com objetivo de aumentar o valor agregado de soja, milho, algodão, vão surgir grandes projetos integrados para produção (e exportação) de derivados de leite. 

Será muito bom para o Brasil, mas no Sudeste dezenas de milhares de proprietários vão sair da atividade. Exportação já! ou mais desemprego...