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O crime da mentira disseminada 

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Há quase um ano, tornei pública minha indignação com os pronunciamentos do ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), todos defendendo a legalização do uso de drogas no país. Na ocasião, declarei surpreender-me com o nível raso de sua argumentação e a superficialidade com que abordava a devastadora ação das drogas, que tanto aflige a maioria das famílias brasileiras.

 Mas minha indignação não parava por aí. Até porque, mais do que a descriminalização, propunha o ministro a legalização da maconha, com a mesma desenvoltura com que, hoje, se põe a decidir sobre diversos temas que a Constituição reserva aos poderes Legislativo e Executivo. E – pasmem! – dizendo ainda que “se der certo, faça-se o mesmo com a cocaína”.  

Foi exatamente isso que me inspirou a criar a Frente Nacional Contra a Liberação da Maconha e da Cocaína. Movimento apartidário, a Frente, com menos de um ano de vida, já coleciona hoje cerca de cem mil assinaturas de apoio em abaixo-assinado e mais de 600 moções de câmaras de vereadores em todo o país, em repúdio a essa terrível ameaça que pesa sobre o futuro de nossa juventude. 

Além disso, conta com o apoio de vários líderes de igrejas evangélicas, bispos da igreja católica, inclusive da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e autoridades diversas. E mais: movimentos e entidades que trabalham com dependentes de drogas e suas famílias, como a Federação do Amor Exigente, que atende atualmente a mais de um milhão e 200 mil pessoas por ano. 

O que nossas famílias pensam a respeito dessa proposta, aliás, ficou muito claro em pesquisa recente do Instituto Paraná. Ouvindo brasileiros em 26 estados e também no Distrito Federal, a pesquisa apurou que 64,6% são contra a legalização da maconha. E que, CAMPOS MACHADO* quanto à possibilidade de liberar a cocaína, a rejeição é ainda maior: cerca de 85% das pessoas ouvidas são contra a medida. 

Por fim, a pesquisa revela que mais de 70% dos brasileiros condenam a posição do ministro Barroso. Mas nem isso é suficiente para nos manter tranquilos quanto aos riscos dessa ameaça. O STF está julgando duas ações que podem liberar as drogas no Brasil e, em uma delas, o placar já está em 3x0 pela liberação, com um dos votos exatamente do ministro que defende essa aberração. 

O julgamento pode ser retomado a qualquer momento, e a sociedade deve manter-se vigilante. Até porque, basta encontrar uma brecha para o ministro Barroso, talvez inspirado na estratégia “Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” do teórico nazista Joseph Goebbels, repetir à exaustão os “benefícios” dessa esdrúxula proposta. A tese, aliás, para surpresa maior ainda, é agora endossada pelo ministro Raul Jungman, da Segurança Pública. 

Envolvido na questão da intervenção no Rio de Janeiro, o ministro foi à presidente do STF apelar pela reabertura do caso, o que considera “vital para o enfraquecimento do tráfico”. Não sei se ele sabe o que pensam os brasileiros sobre o assunto. Mas quero alertá-lo dos riscos desse endosso agravar o drama que assola milhões de lares brasileiros. E tenho esperanças de que, se parar para pensar, ele seja sensível a isso. 

* Deputado estadual, presidente do PTB-SP e secretário-geral da Executiva Nacional do partido