Há mais de um século nascia, em Creta, Níkos Kazantzákis, autor grego contemporâneo mais traduzido e o mais importante escritor e filósofo grego do século XX. Escreveu obras como “Os irmãos inimigos”, “Zorba – o grego” que, em 1964, tornou-se um filme, estrelado por Anthony Quinns, o ponto de partida para o reconhecimento mundial da obra do grego, “A Última Tentação de Cristo”, também adaptada para o cinema, desta vez através de Martin Scorcese, e o “Cristo Recrucificado”, além de “Liberdade ou morte”, “O Pobre Deus”, “Testamento para El Greco”, entre outras obras traduzidas para o português. Ele foi, ainda, tradutor de Goethe e Dante, além de outros autores clássicos para o grego moderno. Estive, recentemente, na exposição sobre a vida e obra de Níkos, no Centro Cultural do Mundo Helênico, em Atenas.
O primeiro ensaio crítico da sua obra, no Brasil, foi do meu pai, o escritor pernambucano Maximiano Campos. A obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche influenciou o grego, que tratou de temas universais como o amor, o pecado, a solidão, a violência, entre outros. Viajou pelo mundo inteiro, o que inclui vários países da Europa, África e Ásia, disseminando a cultura grego-cristã, junto ao amigo Ángelo Sikeliános.
Morou em Paris, na França, onde exerceu a carreira de escritor e jornalista e para estudar com o seu tutor, o filósofo Henri Bergson. Trabalhou, também, em Londres, na Inglaterra, onde depois passaria a viver. Na Espanha, foi correspondente estrangeiro, cobrindo a Guerra Civil Espanhola para um jornal grego e, em 1957, foi para a China, onde adoeceu. Um ano antes, em 1956, recebeu o Prêmio Internacional da Paz. Faleceu aos 74 anos, em Friburgo, na Alemanha. Seu corpo foi levado para a sua terra natal, Creta, e no seu epitáfio consta os seguintes dizeres: “Não tenho nenhuma esperança. Não tenho medo de nada. Sou livre.”
* Antônio Campos - advogado, conselheiro Federal da OAB, escritor, editor, membro da Academia Pernambucana de Letras e curador da Fliporto. - [email protected]