ASSINE
search button

180 kg de pescado são apreendidos na Baía de Guanabara

Pescadores praticaram a pesca predatória com rede de 1 cm², que arrasta tudo de uma só vez

Compartilhar

A Baía de Guanabara foi palco de uma grande apreensão na manhã desta quinta-feira(24), comandada pela Secretaria Estadual do Ambiente(SEA) e a Coordenadoria Integrada de Combate aos Crimes Ambientais(Cicca). 

Com a ajuda de fiscais do Ibama, 180 kg de pescado obtidos sem licença foram apreendidos, em quatro embarcações diferentes.

"Os diferentes tipos de pesca predatória precisam ser combatidos. Para recuperar o ecossistema, existe um limite de pesca. Essas redes usadas, de 1 cm², acabam promovendo um arrasto de diversas espécies", explicou o secretário estadual do ambiente, Carlos Minc, que deu uma dimensão do estrago causado pelas redes:

"Para pegar 55 kg de camarão graúdo, segundo as contas do Ibama, significa pegar quase 600 kg de pequenos moluscos, caranguejos e peixes que acabam morrendo, quebrando a cadeia alimentar dessas espécies. Isso porque pegamos quatro barcos em apenas três horas", ponderou Minc.

Dos 180 kg de pescado apreendido, 78 kg são de camarão e foram doados ao 12º BPM, localizado em Niterói, para alimentação dos policiais militares.

A ação foi realizada nas imediações da Ilha Brocoió, próximo a ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara. 

Para os pescadores, foi aplicada uma multa que, no total das quatro embarcações, chega a R$ 3600, uma vez que a cobrança é de R$ 20 por kilograma apreendido. Os pescadores utilizavam a pesca de arrasto sem licença, na qual uma rede é colocada no leito do oceano e captura qualquer coisa que possa ser entrar na rede de 1 cm². 

Os barcos, no entanto, não foram apreendidos, uma vez que tanto a SEA quanto a Cicca consideram que não houve crime ambiental, mas sim um ato infracional.

Dificuldade para pescador

Um dos pescadores, de 74 anos, identificado apenas como José, negociava com o Secretário Minc para que o barco não fosse apreendido.

"Não leva meu barco não, senhor, é meu ganha-pão", lamentava-se o pescador de camarão, que atua na função há 40 anos.

Ele pediu ainda que a mercadoria não fosse apreendida, para pagar uma dívida relativa ao óleo usado na embarcação:

"O óleo tá caro, moço. R$ 2,15 o litro, tenho mais de R$ 500 de dívida", contabilizou o pescador, que venderia os camarões em Paquetá entre R$ 20 e R$ 27 o quilo.

"Falta educação ambiental"

O biólogo Marcello Mello se disse satisfeito com a ação da Secretaria do Ambiente, do Ibama e da Cicca. Porém, ele ressaltou que é necessária uma educação ambiental bem feita com esses pescadores:

"Precisamos de palestras, especialistas na área para que eles possam ir às comunidades pesqueiras. O pescador não sabe que está errado, é mal informado, mal educado.Não existe essa preocupação a nível estadual e municipal", alertou o biólogo.