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Para integrantes da Cúpula dos Povos, texto da Rio+20 foi fraco 

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O rascunho do documento que será apreciado pelos chefes de Estado e de governo que virão à Conferência Das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, foi execrado por representantes de movimentos sociais na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, nesta terça-feira (19). O desagrado com o que as representações diplomáticas apresentaram foi geral. 

Com presença maciça da sociedade civil e de integrantes de Organizações Não Governamentais (ONGS), que expunham, no palco, as denúncias a serem repassadas aos líderes internacionais que virão ao Brasil, a indignação com a falta de mudanças proposta na Rio+20 dominou o ambiente. Ainda, a Cúpula dos Povos convocou a primeira de três assembleias a ser realizadas para elaborar o documento final do evento na sexta-feira (22).  

Para a integrante do Instituto Nacional de Estudos Socioeconômicos e do Grupo de Articulação da Cúpula dos Povos pela Rede Brasil, Iara Pietricovsky, o documento elaborado na RIo+20 foi fraco e aquém daquilo a que se propõe o encontro internacional. Apesar de reconhecer o esforço do governo brasileiro, Pietricovsky acredita que as autoridades nacionais foram pouco ambiciosas.

“Não houve nenhum avanço em transferência de tecnologia, financiamento de medidas sustentáveis e poucas propostas de metas de desenvolvimento sustentável. Esse documento vai servir como uma agenda para o futuro”, disse.

Para a ativista, a retirada do termo ‘direito reprodutivo das mulheres’ do documento constitui um retrocesso absoluto. Ela se disse decepcionada com o Brasil ter cedido a pressões de “países que não respeitam o direito das mulheres”. Ela criticou, ainda, o fato de o texto ter sido baseado no fortalecimento das parcerias público-privada e a prioridade dada ao setor privado.

“O governo trabalhou com um texto possível de ser aprovado. Aquilo que não tinha consenso, foi vetado”,  afirmou. “O documento insiste na prioridade do setor privado e no fortalecimento das parcerias público-privada. Trata-se da mercantilizacão dos direitos”.

Pietricovsky se disse confiante para o documento final que será apresentado pela Cúpula dos Povos na sexta-feira. De acordo com ela, a expectativa é para um texto mais ousado do que o aprovado pela Rio+20.

“Estou confiante que sairá um documento [da Cúpula dos Povos] com uma agenda de campanha global em resposta a esse documento [da Rio+20] que, para nós, está muito fraco”, disparou. “Quem sabe, com a chegada da presidente Dilma, amanhã, haverá alguma proposta efetiva para financiamento, porque, agora, [o documento] continua não resolvendo a situação”.