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O desafio de encontrar um sentido para a vida após o 11/9

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Alguns negam-se a falar do assunto, outros realizam um trabalho voluntário e contam de maneira incansável sua história: encontrar um sentido para a vida foi um grande desafio para os que viveram de perto o 11 de Setembro de 2001.

"Fui o último a sair vivo de meu escritório do andar 87 da torre", recorda Chris Hardej com os olhos cheios de lágrimas. Como todos os que estiveram lá, é impossível esquecer.

Quatro vezes por mês, este empregado dos serviços de transporte nova-iorquinos dirige-se às proximidades do local onde estavam as Torres Gêmeas, no sul de Manhattan, para ajudar como voluntário no Tribute Center, um pequeno museu criado pela Associação de Famílias do 11 de Setembro.

Chris, um dos 400 voluntários, faz as vezes de guia de um grupo de turistas aos quais conta o que viveu e como era o local, documentando com fotos.

Feliz de seu renascimento, explica como ficará, assim que for concluído o novo sítio.

Chris recorda como conseguiu escapar, junto com dois colegas pelas escadas, em meio a pessoas em pânico, e os bombeiros que subiam e nunca voltavam.

Seu relato é alucinante: Chris saiu às escuras, graças a voz das pessoas que não via. Assim que chegou do lado de fora, as torres vieram ao chão.

Dez anos depois, considera-se um homem feliz e diz que "não mudou muito".

"Sou um sobrevivente", afirma.

Morreram nos atentados 2.900 pessoas e milhares ficaram feridas. Outros tantos, traumatizados, demoraram anos a voltar a encontrar um sentido para a vida.

John William Codling, de 35 anos, mudou de forma radical. Trabalhava no EuroBrokers, no andar 84 de uma das torres, "para fazer dinheiro".

Apesar de não ter estado no escritório, no dia 11 de setembro, sua vida parou naquele dia, uma vez que conhecia cerca de 50 pessoas desaparecidas na tragédia.

"Trabalhava dez horas por dia com operações financeiras. Éramos muito próximos. Jovens maravilhosos, cheios de projetos", recorda.

Por dois anos, John foi "um verdadeiro zumbi". Deixou Nova York e voltou a viver com os pais.

"Durante muito tempo não conseguia falar do assunto", acrescentou, indicando que cinco anos depois dos atentados ainda sonhava em matar Osama bin Laden. "Tinha muita raiva dentro de mim", desabafa.

Depois, muito lentamente, as coisas começaram a melhorar. John começou a pintar e montou duas exposições.

Hoje em dia, é pai de um menino de três anos e continua pintando e vivendo bem disso. Voltou para Nova York e quer dedicar-se à pintura totalmente. "É uma catarse", disse.

A morte de Osama bin Laden, "tão próxima do décimo aniversário", ajudou-o a virar a página do desespero.