Pianista chinês Lang Lang faz concerto memorável no Theatro Municipal
Com o Theatro Municipal lotadíssimo entrou no palco o artista mais esperado da atual temporada. O pianista chinês Lang Lang, de 29 anos, saiu da cortina do palco do Theatro já saudando a plateia com os braços levantados.
Começou a “Partita nº1” de J.S.Bach com um pureza cristalina, vários toques já se faziam ouvir assim como um legato lindo e frases perfeitas marcaram a primeira peça obra. As intenções eram muito bem definidas e as ideias eram exuberantes, mesmo que não estivessem escritas, convenciam porque tínhamos a certeza de que tudo era muito verdadeiro. Os Menuets I e II foram lindos dentro de um estilo perfeito finalizando com uma Giga eletricamente perfeita.
A segunda obra do programa foi a “Sonata em Si bemol Maior”, de F.Schubert, que teve um início celestial, altamente profundo, belíssimo, com sonoridades lindíssimas e um fraseado muito bem acabado. As longas frases foram perfeitamente construídas. O final do primeiro movimento da obra foi um sonho, quase quebrado pelos desagradáveis aplausos de alguém que não leu o programa.
O segundo movimento foi sóbrio e muito bem realizado. Lindo também foi o terceiro movimento, um scherzo límpido e puro e maravilhoso foi o quarto e último movimento. O artista tem a perfeita noção do instrumento, uma plena segurança do teclado, uma técnica invejável, se sente completamente íntimo do palco e tem o maior prazer em tocar em público.
Lang Lang tem um mundo que é só seu, acompanhamos cada segundo de sua admirável realização, e sua natureza assim como sua naturalidade são dons absolutamente divinos gerando um verdadeiro êxtase nos pianistas que estavam em estado de graça no intervalo do concerto.
Como é um artista considerado polêmico por uns, por seus movimentos no palco, estávamos antenados para observar seus mínimos detalhes.
A segunda parte começou com os belíssimos “Doze Estudos op.25”, de F.Chopin, de grande dificuldade na literatura do piano e que foram executados com bravura pelo artista. A imaginação era altamente criadora, podíamos comparar com as mais célebres versões de Maurizio Pollini ou de Vladimir Ashkenazy, mas estávamos completamente convencidos do que estávamos ouvindo. Lang Lang é um verdadeiro fenômeno musical, é um talento mais do que nato, é transcendental, e tem 29 anos! Imaginemos com 40! Ficamos em estado sublime, de adoração ao Schubert que foi transmitido pelo grande artista.
O pianista amadureceu, sabe e tem total convicção que é um fenômeno, que encanta as mais variadas plateias do planeta e, sobretudo, deixa muita, mas muita saudade. É um ser adorável.
O BRAVO da coluna pelo belíssimo e memorável recital do pianista Lang Lang que nos foi proporcionado pela Dell’Arte e sua presidente Myrian Dauelsberg. Desejamos que o artista volte logo ao Rio para mais um deslumbrante recital assim como sugerimos que ele dê um dia de aulas de mastersclasses para os pianistas brasileiros.
