Crítica - Orquestra Petrobras Sinfônica: a vez da música contemporânea

Por Maria Luiza Nobre

Os concertos da Orquestra Petrobrás Sinfônica, em sua temporada de 2011, aliás, aberta em março com puro explendor, tiveram mais um ponto positivo no concerto de ontem, dia 29, no Teatro Municipal.

O maestro convidado era Fábio Mechetti, que já visitou a cidade este ano com sua orquestra de Minas Gerais.

A primeira obra do programa foi a Alborada del Gracioso,de Maurice Ravel,que é parte da suite Mirois originalmente escrita para piano solo, mas sempre teve vida própria como uma peça autônoma. A partir da partitura de piano, Ravel recria com sua magia instrumental, quase uma nova obra com a sua deslumbrante palheta sonora orquestral.

O programa continuou com o Concerto para Clarineta e Orquestra do compositor americano John Corigliano. A obra é muito exuberante para orquestra tendo a percussão muito atuante. Corigliano desde pequeno foi habituado a assistir os ensaios da Orquestra Filarmônica de Nova Iorque, da qual seu pai era o spalla. Não é toda criança que vive em um meio musical que será ou se tornará um músico ou compositor, mas no caso de Corigliano, sim.

A convivência com músicos e grandes instrumentistas fez do menino um compositor que dedicaria seu Concerto a Leonard Bernstein e a Stanley Drucker, que foi durante 61 anos o primeiro clarinetista da Filarmônica de Nova Iorque. Após um sedutor e bem construído primeiro movimento, temos o segundo movimento, Elegy, escrito em homenagem ao pai do compositor fazendo-se notar o diálogo entre a clarineta solista e o violino spalla,em outras palavras, o amigo e o pai. No terceiro movimento surge do balcão nobre a trompa para surpresa do público.

É uma obra que tem uma linha, uma continuidade, um pensamento lógico e uma escritura que reflete neste compositor, o dono do seu métier. Em nenhum momento o interesse é perdido. Isso tudo pode ser apreciado pela vida que o excelente clarinetista Cristiano Alves deu à obra com sua sensibilidade na qualidade do seu timbre de grande beleza aliada à sua técnica impecável.

O maestro regeu com uma segurança invejável,bem íntimo da obra, com sua competência que já estamos acostumados. As Danças Sinfônicas de Rachmaninov foram muito bem executadas ,onde se sobressaíram os sopros de altíssimo nível do conjunto.

O BRAVO da coluna para a orquestra pela programação dessa obra de grande qualidade,sobretudo para tornar cada vez mais forte o hábito nas platéias do país,de ouvir uma boa música contemporânea.