Leonel Brizola, o Homem Público

Por Evaldo Valladão*

A política se tornou sinônimo de conchavos, balcão de negócios, corrupção e meio de atender interesses pessoais dos que ocupam cargos eletivos e dentro da máquina governamental.

Nessa linha, ficam de fora as utopias e as ideologias. Alguns profissionais da política deixaram de lado suas  metas fundamentais. Que seriam, por exemplo, as de   defender o bem comum da sociedade e o desenvolvimento do país. 

Políticos, em grande maioria, passaram a buscar o poder pelo poder. E a política virou uma carreira cujo objetivo é o de ocupar cargos de relevo com ganhos pessoais, profissionais  e financeiros. 

Ao lembrar dos 96 anos do grande brasileiro Leonel Brizola, nascido em 22 de janeiro de 1922, recupera-se a memória do que foi um grande estadista e um dos maiores líderes nacionalistas do Brasil.

Foi o primeiro político brasileiro eleito pelo povo a governar dois estados diferentes, o Rio Grande do Sul (1959-1963) e o Rio de Janeiro (1983-1987 e 1991-1994). Considerado herdeiro de Getúlio Vargas e João Goulart. Por toda a vida, Brizola defendeu a educação, a reforma agrária e a distribuição de renda. 

Fez como bandeiras de sua vida a defesa da cidadania, direitos humanos, reforma agrária, distribuição de renda e educação. 

Brizola liderou a campanha da Legalidade, movimento cívico-militar que durou 14 dias, com  pronunciamentos transmitidos a partir de um estúdio montado no porão do Palácio do Governo, com ouvintes em todo o Rio Grande do Sul e em outros estados do país. 

Como governador gaúcho, de 1959 a 1963, criou uma rede de ensino primário e médio que atingiu os municípios mais distantes, com 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios, colégios e escolas normais, totalizando 6.302 novos estabelecimentos de ensino. Com isso, ele abriu 688.209 novas matrículas e admitiu 42.153 novos professores. No Rio de Janeiro, ele construiu mais de 500 Centros Integrados de Educação Pública — CIEPs. 

Durante os Protestos no Brasil em 2013, quando políticos de todas as linhas eram execrados, o homem público mais lembrado e pranteado por sua ausência póstuma era Leonel de Moura Brizola.

Em dezembro de 2015, a presidente Dilma Rousseff sancionou a lei que inseriu Brizola no Livro de Heróis da Pátria. 

“A educação é o único caminho para emancipar o homem", é uma das frases entre as várias citações marcantes de Leonel Brizola, em vida. Sempre atual.  

* Evaldo Valladão é presidente da Academia Brasileira de Engenharia de Segurança do Trabalho