Ano difícil

Por Celso Franco

Felizmente, está acabando o terrível ano de 2015. Nunca o astral do povo brasileiro andou tão baixo. Nem durante a Segunda Guerra Mundial, quando torpedeavam os nossos navios mercantes navegando em águas costeiras. Muito ao contrário, gerou uma reação uníssona de patriotismo, que levou o povo às ruas e acelerou a entrada do Brasil na guerra, a fim de lavar a sua honra ofendida nos nossos mares. 

Felizmente, também nesta semana, nada houve na Grande Mídia que justificasse algum comentário a respeito do nosso trânsito. Poderia plagiar o título do famoso filme: “Nada de novo no front”. Tal fato me permite falar um pouco do que, digno de notícia, aconteceu na minha vida do dia a dia.

Como sempre acontece, no final do ano, o ex-diretor do Teatro Municipal, no saudoso governo de Negrão de Lima, José Mauro, reuniu no seu apartamento ali na Praia do Flamengo, um grupo seleto de ilustres mineiros e outros notáveis que não tiveram esta sorte de nascer nas Minas Gerais. Na véspera, Juiz de Fora homenageava seu ilustre filho, Itamar Franco, inaugurando o Memorial da República com o seu nome. Justíssima homenagem para um homem que dignificou o seu cargo de Supremo Magistrado, num momento difícil para a democracia, como agora, quando ocorrem fatos que a  agridem.

A reunião foi marcada para as 20 horas, fazendo-me sair de casa, aqui na Barra, às 19 horas. Apesar de recomendar ao meu motorista que, assim que pudesse, saísse da corrente de tráfego que se dirigia para o túnel Rebouças, e pegasse a orla marítima, só cheguei ao meu destino às 20h30. Tive a agradável surpresa de lá encontrar as ilustres figuras de Carlos Heitor Cony, Ferreira Gullar, Ziraldo, o acadêmico, ex ministro da Educação Eduardo Portela, o presidente da ABL Domício Proença, os filhos do saudoso ministro do Supremo Tribunal Lafaiete de Andrade, íntimo amigo de meu pai, seu colega, que faz com que seus filhos me chamem de irmão, seu genro engenheiro Pedro Tovar, colega do Governo Negrão, desembargador Egas Moniz Barreto de Aragão Dáquer e senhora e, como seria impossível citar todos sem tornar-me enfadonho, vou parando por aqui. Como tema dos que me abordaram, as dificuldades do trânsito, fruto do excesso de automóveis, assunto que eu pacientemente respondia ser impossível conter este bendito excesso, uma vez que a sua exportação puxa a economia nacional. O importante é adaptar as cidades, que ele ajudou a aumentar a sua área urbanizada, à sua presença, racionando o uso das vias. Não é mais possível permitir que, nas horas de pico, de sobrecarga viária, o motorista viaje impunemente sozinho em seu carro. O meu projeto URV, que raciona o uso das vias, é a solução de há muito por mim preconizada. É necessário, no entanto, que haja um consenso, do que seja a tão propalada mobilidade urbana.

Sobre a atual conjuntura política nacional, assunto predominante entre os demais importantes convivas, não me cabe comentar, apenas lamentar, como portador da medalha de Veterano da Segunda Guerra, pela Marinha, a Primeira Linha de Defesa da Pátria.