Em que direção?

Por Tarcisio Padilha Junior*

Em que direção tende atualmente a sociedade brasileira, condenada a estar sempre em movimento?

A noção de risco se torna central numa sociedade organizada em rede que está deixando para trás o modo tradicional de fazer as coisas, e que se abre para um futuro problemático. Alguma espécie de estimativa geral do risco pode ser feita para praticamente todos os hábitos e atividades atualmente.

A bolsa de valores oferece uma gama de ações que os tomadores emitem e os poupadores detêm. Poupadores e tomadores têm uma ampla variedade de interesses financeiros. Alguns poupadores querem acumular dinheiro no longo prazo, enquanto outros procuram ganhos de curto prazo e podem estar ou não preparados para assumir riscos consideráveis com seus capitais em vista desse objetivo.

Bolsas de valores, como outros ambientes de risco, usam ativamente o risco para criar o futuro. Para leigos como para peritos, pensar em termos de risco é um exercício quase permanente hoje. Apenas que somos todos leigos em relação à maioria dos sistemas que interferem em nossas atividades diárias. Os fatores de risco que fazem parte de uma economia moderna afetam a quase todos.

Uma sensação de estar à vontade nas circunstâncias rotineiras da vida cotidiana só é adquirida com esforço. Se parecemos menos frágeis do que somos no contexto de nossas ações é por conta de processos de aprendizado de longo prazo pelos quais ameaças potenciais são evitadas ou imobilizadas. 

Alguém fortemente inclinado a assumir riscos é capaz de discernir oportunidades para a intervenção da sorte em muitas circunstâncias que outros tratariam como rotineiras e tranquilas. Descobri-las é uma maneira de gerar possibilidades para o desenvolvimento de novos modos de atividade em contextos familiares. Situações que pareciam fechadas podem parecer outra vez abertas.

As pessoas são muitas vezes estimuladas a dedicar o tempo e a energia necessários para gerar maior domínio das circunstâncias que enfrentam. Onde a pessoa vive, ao menos a partir do início da vida adulta, pode ser questão de escolha organizada, sobretudo em termos do planejamento da vida.

A intervenção tecnológica na natureza é condição de desenvolvimento de sistemas especializados que ajudam a prover muitas necessidades diárias. Entretanto, também significa maior vulnerabilidade, quando ocorrem circunstâncias desfavoráveis afetando esses sistemas como um todo.

Uma seca prolongada como hoje, ou problemas como os sistemas centralizados de água, podem ter resultados mais perturbadores do que tiveram antes os racionamentos periódicos de água; e qualquer racionamento prolongado de energia as atividades correntes de grande número de pessoas.


*Tarcisio Padilha Junior é engenheiro