Homem certo no lugar certo

Não tenho nada contra quem tem 80 anos e dou testemunho: meu avô, um dos pioneiros do rádio no Brasil, trabalhou até os 87

Por Ney Murce

Não sou adepto de estrangeirismos, nem sou um Policarpo Quaresma, mas se tem uma expressão que é muito bem cunhada pelos americanos, esta é, sem dúvida, “the right man in right place”, ou seja, o homem certo no lugar certo.

Não bastasse o mercado persa em que se transformou a escolha do Ministério da Dilma – ou seria do Lula? – montado sobre alicerces políticos onde a meritocracia passou longe, vimos, incrédulos, os que trabalham como profissionais de turismo, a escolha de um escudeiro do coronel Sarney, com longevos 80 anos, para a pasta do Turismo.

Como sabemos, trata-se de um Ministério longe de ser “um daqueles que furam poço de petróleo” do Severino, de triste memória, “mensalinho”.

Não tenho nada contra quem tem 80 anos e sou testemunho que meu avô, um dos pioneiros do rádio no Brasil, trabalhou criando e produzindo até os 87 quando faleceu.

Turismo é uma atividade que requer muita energia, não só pelo tamanho continental do nosso país como pelos problemas permanentes de segurança, infraestrutura e mais inúmeros abacaxis que precisam ser descascados ininterruptamente.

Não bastasse tudo isso (caos aéreo, situação hoteleira, transportes etc), o país se prepara para receber dois grandes eventos internacionais cruciais e vitais que, dependendo do êxito, nos colocará definitivamente no mapa turístico internacional.

O deputado Pedro Novaes (PMDB-MA) tem uma folha corrida de participações em diversas funções na Câmara, onde está no seu sexto mandato, que o credenciam para vários cargos inerentes a sua “expertise” como advogado e criador de leis – foi relator da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Para não dizer que ele é completamente neófito em assuntos turísticos, devo registrar que foi dele um projeto de lei de 2009 que obriga os governos estaduais a fornecerem informações, mapas e publicações de interesse turístico em aeroportos, rodoviárias e estações ferroviárias – seria a descoberta da pólvora se ela já não tivesse sido inventada.

De tudo que lemos e apuramos a respeito desta nomeação posso assegurar que o trade turístico está de cabelo em pé com o que pode vir por aí como efeito cascata, nas indicações para a Embratur e outros órgãos da cadeia reguladora e incentivadora do turismo nacional.

O mais triste de tudo isso é ver que um oligarca de má fama do estado mais pobre do país continua forte e mandando, mesmo sendo também um octogenário.

Depois disso não seria espanto vermos o Tiririca na pasta da Educação e o Maluf no Ministério da Justiça.

Pra frente, Brasil!

 

*Ney Murce é produtor cultural, jornalista e publicitário, trabalhou com a Riotur em projetos que resultaram na conquista definitiva do Congresso da Abav para o Rio e nos primeiros Réveillons com espetáculos de fogos embarcados de Copacabana, além de diversos projetos turísticos para a cidade do Rio de Janeiro.