O bullying é um problema de todos

Pessoas vítimas desse cruel processo sentirão os reflexos dessa violência quando na idade adulta

Por João Mendes de Jesus, vereador pelo PR do Rio de Janeiro

O bullying infantil e infanto-juvenil se tornou um processo tão polêmico e preocupante que já é considerado uma questão de saúde pública, de segurança social, quando não caso policial, que ocorre, principalmente, nas escolas municipais, estaduais e particulares, além de ser um problema que acontece nas famílias. Ou seja, existe também o bullying doméstico — este mais complexo e silencioso, porque é vivenciado dentro dos lares. 

A verdade é que o bullying sempre existiu em todos os tempos e se pronunciou em todas as gerações. Acontece que, com a democratização do país e a facilidade de acessar os meios de comunicação e de informação, a consciência crítica da sociedade civil não permite e não aceita que, nas escolas, crianças e adolescentes travem uma guerra sem trégua e de ordem moral, que é o bullying, palavra inglesa que significa, em português, assédio moral, covardia, intolerância, desrespeito, violência física e degeneração das relações humanas ainda na idade da puberdade.

Creio que debater o bullying é uma ação muito importante por parte da Câmara. Afinal, todos nós sabemos que pessoas vítimas desse cruel processo sentirão os reflexos dessa violência quando na idade adulta. Mas, antes de o Estado e a sociedade civil combaterem o bullying e, por conseguinte, fazerem campanha de conscientização para que as crianças e adolescentes entendam que infernizar a vida dos outros corresponde à tortura psicológica e física, necessário se torna que os pais saibam o que seus filhos — os que praticam o bullying — têm cometido na escola, para, posteriormente, deixarem claro que não aceitam, em qualquer hipótese, que seu filho tem o direito de realizar ações que remetem à selvageria, à crueldade e, por que não, à infâmia.

É inaceitável que pessoas que vão à escola para aprender se tornam verdugas de seus colegas de classe. É inaceitável que escolas e seus diretores e professores e principalmente os pais se tornem omissos, com o propósito de não se envolverem com suas responsabilidades que é a de formar futuros cidadãos compromissados com a cidadania, para que possamos ter uma sociedade democrática, justa e solidária. Bastam os crimes cometidos por criminosos que tiranizam a sociedade civil brasileira. Os problemas sociais são tantos e tão diversificados que não é possível que crianças e adolescentes se dirijam às suas escolas para desrespeitar aqueles que pretendem estudar e viver em paz.

A prefeitura tem de, urgentemente, fazer uma campanha institucional para combater o bullying, inclusive na televisão. Os prejuízos para a sociedade são imensos, porque as vítimas de bullying se tornam pessoas inseguras, que não conseguem produzir como deveriam como vencer as etapas da vida com mais tranquilidade e concentração. A campanha é uma solução muito importante, além de, é evidente, contar com a participação dos pais no que se refere a conscientizar os filhos que teimam em se conduzir de forma equivocada no que tange às suas atitudes nada civilizadas e respeitosas.

Portanto, considero a iniciativa da vereadora Lilian Sá de extrema utilidade, porque abre espaço para que possamos pôr o dedo na ferida e, consequentemente, abrirmos um leque de sugestões, opiniões e decisões no sentido de podermos combater o bullying, que é uma doença social, e como tal deve ser vista e combatida. Educadores, pedagogos, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, políticos e a sociedade civil têm de encontrar soluções para que o bullying não se torne um fator perverso entre os alunos, o que causa sérios transtornos à sociedade, no presente e no futuro. Mas, volto a ressaltar: os pais são os principais atores do processo de combate ao bullying.