Operador de Cabral diz que 40 políticos do RJ receberam caixa 2 e que Paes pediu dinheiro para o MDB
Em um novo trecho da delação de Carlos Miranda, o operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), listou o nome de outros 40 políticos beneficiários do Rio de Janeiro que tiveram suas campanhas eleitorais financiadas por caixa dois.
No documento homologado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF) em março deste ano, entre os citados, o delator afirma que o ex-prefeito Eduardo Paes pediu dinheiro a empreiteiras para Cabral e campanhas do MDB no Estado.
Miranda explica que executava a parte administrativa e financeira das campanhas do MDB no Rio de Janeiro e que tinha combinações com os fornecedores para que eles subfaturassem as notas. Desta forma, o pagamento eram feitos de forma oficial e a outra parte por fora, em dinheiro, ou por meio de pagamentos das empresas doadoras diretamente aos fornecedores. Os valores eram quitados principalmente por empreiteiras, como é o caso da OAS, Delta, Carioca e Andrade Gutierrez.
A informação foi dada com exclusividade pela TV Globo neste sábado (18).
Cabral e Paes
O operador financeiro do ex-governador disse que na eleição para prefeito em 2008, Sérgio Cabral atuou como arrecadador para o ex-prefeito Eduardo Paes, onde se utilizou do cargo de governador para obter o financiamento da campanha eleitoral e também viabilizou apoio na campanha de Rodrigo Neves para a prefeitura de Niterói. Ele disse ainda que o ex-governador atuou na campanha de Nelson Burnier em 2008 e 2012 para a prefeitura de Nova Iguaçu, e para a campanha de Graça Matos à prefeitura de São Gonçalo.
No período de 2007 a 2014, em que Cabral governou o Rio de Janeiro, Miranda contou que ele também ajudava outro candidatos com dinheiro ou mesmo com pagamento de despesas de campanha. Entre os beneficiários citados por Miranda estão nomes como: Paulo Melo, Jorge Picciani, Graça Matos, Edson Albertassi, Wagner Montes, Marcos Figueiredo, Édino Fonseca, Roberto Dinamite, Coronel Jairo e Cidinha Campos.
Apoio a Aécio Neves
De fora do Rio de Janeiro, ainda em 2014 na campanha presidencial, Miranda conta que o ex-governador apoiou Aécio Neves (PSDB) no Estado e, juntamente com Wilson Carlos, planejou como seria feita a contribuição às campanhas de Pezão e do filho Marco Antônio Cabral. Sobre as acusações, o senador licenciado e candidato a deputado federal por MG Aécio Neves (PSDB) afirma desconhecer os fatos citados pelo delator.
Paes nega acusações
Em resposta, o candidato ao governo do estado, Paes nega as acusações e também afirma que nunca conversou com o delator. Já o atual governador do Estado Luiz Fernando Pezão esclarece que todas as doações para sua campanha foram feitas dentro da legalidade.
Políticos citados pelo operador financeiro se manifestaram contra as declarações. A deputada estadual pelo PDT Cidinha Campos afirma que nunca recebeu dinheiro que não tenha sido declado. O deputado André Lazaroni (MDB) explica que as doações para a campanha de 2014 estão declaradas em sua prestação de contas, e que desconhece qualquer doação que não seja de origem lícita .O parlamentar do MDB Gustavo Tutuca disse que a afirmação de Miranda é mentirosa e que jamais teve qualquer tipo de relação com o delator. Tiago Pampolha, do PDT, nega as acusações e disse que toda doação para campanha foi declarada em sua prestação de contas. De acordo com a defesa de Edson Albertassi (MDB) a afirmação de Miranda é mentirosa. Já Graça Matos diz que as acusações sãp mentirosas e os recursos recebidos para a campanha foram oficiais. A deputada Martha Rocha repudiou as denúncias e afirmou que jamais recebeu caixa dois. Wilson Carlos também negou as acusações. A empreiteira OAS não quis se manifestar. A Fetranspor afirmou desconhecer o teor de uma delação que refere-se a fatos supostamente ocorridos antes da posse do novo corpo administrativo.
Até o momento, os demais citados não foram localizados para falar sobre as denúncias do delator. Tanto pela reportagem da TV Globo - que teve acesso ao conteúdo com exclusividade - como pela equipe de reportagem do Jornal do Brasil.
Lista dos políticos
Miranda ainda cita nominalmente os políticos que receberam dinheiro e os valores repassados a cada um:
Edson Albertassi - R$ 1 milhão
Andre Lazaroni - R$ 1 milhão
André Santos - R$ 2,5 milhões
Claise Maria - R$ 1,5 milhão
Christino Áureo - R$ 2 milhões
Gustavo Tutuca - R$ 600 mil
Tiago Pampolha - R$ 1 milhão
Graça Matos - R$ 3,5 milhões
José Luiz Nanci - R$ 2 milhões
Marcelino Almeida - R$ 500 mil
Carlos Castilho - R$ 3 milhões
Tio Carlos - R$ 1 milhão
Carlos Osório - R$ 300 mil
Marta Rocha - R$ 300 mil
João Peixoto - R$ 1 milhão
Marcos Abraão - R$ 1,5 milhões
Marcelo Queiroz - R$ 600 mil
Paulo Mustrangi - R$ 600 mil
Gustavo Trota - R$ 1 milhão
Luiz Martins - R$ 1,2 milhão
Tania Rodrigues - R$ 1 milhão