Geografia Física e Turismo: a evolução do Rio de Janeiro nos mapas

'JB' resgata quinto fascículo de série comemorativa do quarto centenário da cidade

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Pelos 450 anos do Rio de Janeiro, o JB recupera cadernos especiais publicados ao longo de 1965 em comemoração ao quarto centenário da Cidade. Após apresentar um histórico das transformações das ruas e da população do tempo colonial ao republicano, a quinta edição da série apresentava o retrato físico dessa evolução, por meio da cartografia, destacando ainda o apelo turístico destas terras. A coleção de 20 fascículos lançada naquele ano era um grande livro de história, que falava desde o nascimento do Rio de Janeiro até os dias de então, sem a intenção de ser didático ou erudito, mas popular. A edição ficou a cargo do jornalista e biógrafo, que viria a ser imortal da ABL cinco anos depois, Francisco de Assis Barbosa.

Eduardo Canabrava Barreiros foi um dos especialistas convocados para apresentar uma visão, tanto quanto possível, completa dos aspectos físicos da geografia da Guanabara e das suas relações com o Turismo, por intermédio da cartografia, para não se apegar a um critério exclusivamente didático, salientava Barbosa no editorial. 

Barreiros, então, dava cada detalhe físico do Centro da Cidade. "Foi sobre essa esponja encharcada, no dizer de um historiador, arrasando morros e aterrando lagoas, pântanos e alagadiços, que se abriram os primeiros caminhos, precursores das ruas e avenidas atuais. Disputada palmo a palmo ao paul hostil, desenvolveu-se a Cidade, após derramar-se pelo Morro do Castelo abaixo, seu baluarte inicial."

*** Veja aqui o conteúdo completo da quinta edição da série ***

Barreiros não deixava de destacar que vários "acidentes físicos" foram sacrificados, assim como alguns logradouros públicos foram absorvidos ou arrasados, depois de terem participado durante séculos da vida e da história da Cidade. O primeiro morro a ser derrubado foi o Outeiro das Mangueiras, ainda no Governo do Vice-Rei D. Luis de Vasconcelos e Sousa, entre 1779 e 1790. O segundo foi o Morro do Senado, entre 1880 e 1908. Os dois eram prolongamentos da encosta de Santa Teresa.

O terceiro, e de maior importância, foi o Morro do Castelo, cuja demolição teve início com a abertura da Avenida Central, atual Rio Branco.

Miércio Tati era quem falava sobre as belezas de apelo turístico da Cidade, destacando a Baía de Guanabara, a ilha do Governador, Paquetá, as praias e lagoas, montanhas e florestas, e os parques. "O Rio de Janeiro desfruta de condições altamente favoráveis ao incremento de uma indústria turística rendosa. Não basta, é certo, ser metrópole moderna para transformar-se em centro de turismo, comercialmente válido."

"O renome internacional de que já desfrutamos justifica a esperança de que, num futuro próximo, venha a Cidade a poder desempenhar esse relevante papel de traço de união entre o mundo e a América do Sul, em sua porção atlântica, e que disso provenha, para o carioca, maior prosperidade, com a alegria de saber-se querido de outros povos, que como amigos o visitam, em busca do prazer", dizia Tati naquele ano de 1965.

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