Furtos, brigas, trânsito e falta de banheiros marcam bloco da Bola Preta

Dezenas de ocorrências foram registradas na 5ª DP

Por Camila Funare*

Para quem já está acostumado a frequentar os blocos de rua no Rio de Janeiro, a largada oficial do carnaval 2014 começou do jeito que o povo conhece: com desordem e falta de infraestrutura. Furtos em meio ao empurra-empurra da multidão, falta de banheiros químicos e diversas brigas: foi assim o clima no desfile do bloco mais tradicional da cidade, o Cordão da Bola Preta. Segundo a Riotur, 1 milhão e 300 pessoas lotaram a Avenida Rio Branco e suas adjacentes para prestigiar os 96 anos do bloco e os 449 anos da cidade, tema do Cordão da Bola Preta deste ano.

Embalados pelo som das músicas de Tim Maia, marchinhas tradicionais de carnaval de rua e sambas-enredo das principais escolas de samba do grupo especial, o bloco mais uma vez fez jus a sua fama. Contudo, para alguns foliões o clima não era de alegria.

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Já no quesito banheiros químicos, que sempre é criticado pelos foliões por não comportar a demanda de pessoas, a prefeitura ganhou nota zero, segundo Cairá Thais, de 37 anos. A técnica de enfermagem ficou meia hora na fila de um banheiro químico privado, que cobrava R$ 2 pelo uso, já que os públicos estavam com filas gigantescas. “Entre perder a diversão do bloco inteiro na fila do banheiro, eu prefiro pagar e curtir meu carnaval”, explicou Thais.

Contudo, dez minutos após esta entrevista, o comércio no banheiro químico privado foi interditado por uma guarda municipal, que alegou que esse tipo de prática era ilegal. O dinheiro dos clientes que estavam na fila foi devolvido e os proprietários tiveram que encerrar o serviço.

Para um dos donos do banheiro químico privado, Bruno Leonardo, de 32 anos, esse tipo de serviço é apenas mais um comércio ambulante, como qualquer outro presente na Avenida Almirante Barroso. “Aqui tem tantas pessoas vendendo comida, bebida, nós estamos vendendo um serviço. Não temos culpa se estamos ganhando dinheiro pela ineficiência da prefeitura, mas vamos acatar as ordens para não gerar problemas”, explicou o comerciante.

Já na porta da 5ª Delegacia de Polícia (DP), na Lapa, mais de 50 pessoas estavam na fila para prestar queixa de furtos e roubos durante o bloco. De acordo com o morador da Ilha do Governador, Alexandre da Silva, de 21 anos, a volta para casa ficou por conta das amigas que o acompanhavam. “No meio do empurra-empurra, grupos mal intencionados aproveitam a confusão para roubar tudo. Levaram minha carteira, com todos os documentos e dinheiro, além do meu celular”, disse.

Já para as recém-amigas Taykne Andrade, de 29 anos, e Joana Dark, de 50 anos, que se conheceram na porta da delegacia, o bloco não serviu para diversão, apenas dor de cabeça. “Nos conhecemos aqui na fila da DP. Nossos maridos foram assaltados da mesma forma. Os bandidos rasgaram o bolso das bermudas deles e levaram tudo”, explicou  uma das esposas.

Segundo o inspetor da 5ª DP, Francisco Soares, até as 13h, 62 ocorrências foram registradas por foliões do Cordão da Bola Preta. “O bloco acabou de terminar. Quando o público dispersar mesmo que a situação aqui na delegacia vai piorar. No ano passado, 200 ocorrências foram registradas só pelo público deste bloco”, afirmou.

* Do projeto de estágio do Jornal do Brasil