Professores seguem com ocupação na Câmara dos Vereadores

Categoria realizou ato na Cinelândia contrário ao plano de carreira da Prefeitura

Por Gabriella Azevedo*

Os professores municipais em greve continuam ocupando a Câmara dos Vereadores, na Cinelândia. Contrários ao plano de cargos e salários proposto pela Prefeitura, que recebeu 27 emendas apenas de vereadores da base aliada ao governo na terça-feira (24), os profissionais da educação alegam que só deixarão a Casa quando o plano for retirado do plenário e um novo for elaborado. O presidente da Câmara, Jorge Felippe (PMDB), adiou a votação do plano para o dia 1º de outubro.

Com a alegação de que o novo plano de carreira contempla apenas 7% dos servidores de educação e que não resolve os problemas básicos da educação do Rio, os profissionais exigem reunião com os vereadores, para rediscutir a proposta e sensibilizar os parlamentares. Nesta quinta-feira (26), os representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) se reuniram com o líder do governo na Câmara, o vereador Guaraná, mas não obtiveram sucesso nas suas reivindicações.

A diretora do Sepe, Vera Nepomuceno, afirma que a proposta da Prefeitura não visa os interesses dos educadores. “O projeto foi escrito sem preocupação de ouvir os professores. Foi uma iniciativa unilateral do prefeito, que apresentou a proposta no Palácio da Cidade. Ele se acha um imperador, pois a proposta nem chegou a passar pelas vias normais do processo de aprovação”, ressalta Vera.

“O nosso objetivo aqui é garantir uma negociação. Ninguém acha legal dormir na Câmara dos Vereadores, ficar acampado nas dependências do local, mas infelizmente é preciso”, explica a diretora, afirmando que o plano segue uma lógica excludente.

A professora de espanhol da rede municipal Cassiana Vidal explica o panorama da rede de ensino do Rio atualmente. “A nossa educação está um caos. O prefeito impõe um sistema de meritocracia, que é um verdadeiro fingimento. Nós não temos autonomia para ensinar, trabalhamos em cima de cadernos pedagógicos, que vêm cheios de erros. Queria perguntar se na escola dos filhos do prefeito e da secretária (municipal de educação, Cláudia Costin), eles estudam com esses cadernos. O novo plano ainda permite professores polivalentes, ou seja, qualquer um pode dar aula de qualquer coisa, mesmo sem ter a formação. Isso é um desrespeito”, revolta-se a profissional.

Em nota divulgada pela assessoria, a Câmara dos Vereadores informou que reuniu-se três vezes com os representantes do Sepe para melhor adequar o plano de carreira e quis ressaltar uma postura "radical e inflexível" dos profissionais, ao propor a exclusão total do novo plano. Também ressalta que as emendas propostas são baseadas na análise orçamentária do Poder Executivo e que incluem 8% de reajuste salarial. 

Greve da rede estadual

Já os professores da rede estadual, em greve há mais de 50 dias, continuam buscando por uma forma de negociação, mas o governador Sérgio Cabral segue sem dar sinais de diálogo. Nesta sexta-feira, os professores se reúnem com o deputado Domingos Brazão, líder do PMDB na Alerj, para discutir a paralisação da categoria. Para Vera Nepomuceno, o governador não pode continuar ignorando as reivindicações dos professores. “O Cabral tem uma postura de como se não estivesse governando. Estamos em greve há mais de 50 dias e o governo ainda não acenou com negociação”, afirma a diretora do Sepe.

Os profissionais do Estado seguem acampados na entrada da Alerj e aguardam a reunião com o deputado Brazão para decidir os rumos da greve. 

*Do programa de estágio do Jornal do Brasil