Pode sair caro erguer um bairro-modelo na área da refinaria de Manguinhos

"Às vezes é tão caro que vale mais a pena buscar outro lugar", diz biólogo

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A decisão do governador Sérgio Cabral de desapropriar uma área da Refinaria de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, para erguer ali um bairro modelo, pode lhe causar surpresas desagradáveis.

“Como é uma refinaria antiga, eu imagino que tenham feito de tudo ali. Não é nada irremediável, mas às vezes é tão caro que vale mais a pena buscar outro lugar”, afirma o biólogo Mario Moscatelli.

O anúncio de Cabral, feito no domingo após a policia ocupar o Complexo de Manguinhos e Jacarezinho, surpreendeu o presidente da refinaria, Paulo Henrique Menezes. O governador alegou que “há muito tempo a Refinaria de Manguinhos não refina nada”. A refinaria o desmente

Nesta segunda (15), uma nota informou que a Refinaria de Petróleos de Manguinhos S.A., nos últimos 12 meses, refinou mais de 3,5 milhões de barris de petróleo. Diz ainda que a companhia vem desenvolvendo projetos de ampliação e modernização do parque de refino e estocagem com um valor previsto de investimento em aproximadamente R$ 1,4 bilhão..

Após ser surpreendido com a notícia, o presidente Menezes solicitou à BMF Bovespa, nesta segunda-feira(15), a suspensão da negociação das ações da companhia por tempo indeterminado, para proteger seus mais de sete mil acionistas. A Companhia possui capital aberto e um valor de mercado de aproximadamente R$ 800 milhões.

Para construir um bairro-modelo com nove mil imóveis populares, Cabral prometeu fazer um trabalho de descontaminação da refinaria junto com a prefeitura. O biólogo Mario Moscatelli lembra que o primeiro passo é diagnosticar o solo para determinar que tipo de resíduo contamina a área e os possíveis riscos. Ele afirma, entretanto, que por ser uma refinaria antiga, a área deve estar bastante degradada.

A assessoria da companhia informou que a refinaria gera mil empregos diretos e outros quatro mil empregos indiretos. Disse ainda que ela segue operando normalmente e que “confia nas Instituições públicas para a garantia dos direitos de livre iniciativa de sua atividade econômica”.