Tráfico metralha prédio onde funcionava hospital em Santa Teresa
JB Online
RIO DE JANEIRO - O que os moradores de Santa Teresa temiam acabou acontecendo. A fachada do prédio onde funcionava o Hospital Quarto Centenário, na Rua Almirante Alexandrino, foi metralhada na noite de sábado.
Segundo a polícia, a ação foi praticada por traficantes do vizinho Morro da Fallet, em represália à morte do gerente do tráfico no local, Alex Martiniano da Silva, o Cheiroso, no mesmo dia.
Conforme o Jornal do Brasil publicou no dia 14 de agosto, desde que o hospital encerrou suas atividades, em meados de 2008, moradores temiam que o prédio desativado fosse invadido por moradores de rua ou tomado por traficantes de drogas.
De acordo com policiais, os traficantes da Fallet decidiram atacar o prédio porque acreditam que o tiro que matou o comparsa deles tenha sido disparado por um PM que fica de plantão no hospital desativado.
O relações-públicas da Polícia Militar, major Oderlei Santos, afirmou que a corporação vai intensificar o patrulhamento nas imediações do hospital desativado e não acabará com o plantão policial que é feito no prédio 24 horas por dia.
Segundo ele, caso o ataque se repita, serão realizadas incursões nas favelas próximas para procurar os autores.
13 anos de hospital
De propriedade particular, o hospital funcionou entre 1974 e 2007. Até março de 2008, o espaço foi alugado para clínicas e, dali para a frente, desocupado.
Hoje, ainda guarda vários equipamentos, como aparelhos de raio-X, mesas cirúrgicas, móveis, camas e até caixas de remédios. Por duas vezes o imóvel foi a leilão, mas não houve arremate.
O medo de invasões levou moradores do bairro a procurarem a PM para ocupar o prédio. O Ministério Público Estadual mandou um oficío à corporação, que decidiu colocar um policial de plantão no edifício dia e noite.
Mesmo com o PM ocupando o local, a ameaça de invasão nunca deixou de existir. Testemunhas disseram que pessoas sempre passam pelo local e perguntam a um vigia que trabalha no edifício se a polícia já saiu e quais equipamentos ainda estão por lá.
Sede de batalhão
Antes do ataque, moradores já haviam apresentado várias sugestões para o prédio desativado. Um grupo quer que o local abrigue a nova sede do 1º BPM (Estácio) e estão concluindo um abaixo-assinado com mil assinaturas para entregar à Secretaria de Segurança e à prefeitura.
Uma outra corrente defende que o prédio volte a ser um hospital e é contra o batalhão pelo fato de a região ficar rodeada por morros dominados por traficantes fortemente armados.
A preocupação dos moradores com o prédio é tanta que eles, todo o mês, arrecadam R$ 800 no bairro para pagarem o salário de um vigia. Ex-funcionário do Quarto Centenário por 25 anos, ele realiza pequenos serviços de limpeza e manutenção das bombas de água.
A PM tem informações de que os bandidos da Fallet, vinculados à facção criminosa Comando Vermelho (CV), estariam em guerra com traficantes do Morro do Querosene, que pertecem ao grupo rival Amigos dos Amigos (ADA).
