Traficantes 'adiantam' olheiros no Complexo do Alemão
Agência JB
RIO - Temerosos com a avanço da polícia, depois da megaoperação desta quarta-feira, que deixou 19 mortos e oito feridos, traficantes do Morro da Fé, no Complexo do Alemão, reforçaram o monitoramente dos "olheiros" a movimentação policial.
Liderados pelo traficante conhecido como Mica, um jovem mulato de cerca de, 23 anos, que exibe grossos cordões e anéis de ouro, os criminosos adiantaram os olheiros na principal via de acesso ao morro, incluindo-os entre os motoboys que trabalham na Rua Maturacá. Eles estão encarregados de avisar à boca sobre a movimentação da polícia por rádiotransmissores.
Na Maturacá, as primeiras barreiras para impedir o avanço da PM estão instaladas perto da associação de moradores. Naquele trecho, mais de 40 bandidos, todos armados com fuzis, cuidam de conter o avanço da PM. O plano B, no caso de fuga, inclui uma estrada viscinal, criada no alto do morro e encoberta por floresta, usada apenas por motos.
O cerco ao Complexo do Alemão apressou também a reforma da "previdência" paralela dos traficantes. No Morro da Fé, foi definido que familiares de "soldados" que morrerem ou forem presos dentro da boca de fumo continuarão a receber a diária de R$ 80 no lugar do bandido. Além disso, ficará a cargo da boca o pagamento das despesas com advogados, no caso de prisão.
Mas, erros graves, como ataques a policiais no asfalto em que haja perda de armamento, implicarão a suspensão de todos os benefícios diretos e indiretos, além do risco de o faltoso ser automaticamente condenado à morte, caso não seja preso.
