Sócios do Tijuca Tênis Clube fazem protesto e abaixo-assinado contra construção de shopping na sede
Contra uma possível concessão do centenário Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte da cidade, para um shopping da empresa brMalls, sócios se uniram ontem em protesto. O ato organizado pelos associados incluiu a entrega de um abaixo-assinado com cerca de 700 assinaturas em repúdio à construção do centro comercial. Com uma faixa que dizia: “Shopping aqui Não!”, eles afirmam que precisam de lazer e não de consumismo. De acordo com o vice-presidente de Marketing e Comunicação do TTC, Edvaldo Ramos, a proposta apresentada pela brMalls ainda não foi concretizada nem passou pelos conselhos internos do clube para discutir o assunto.
“Recebemos uma proposta de concessão da brMalls para um empreendimento comercial, mas nunca se falou em venda. O Tijuca já recebeu várias propostas de empreendimentos, mas nada de concreto. A brMalls disse que vai nos apresentar um anteprojeto em audiovisual, mas isso também não tem uma data marcada para acontecer”, disse Edvaldo Ramos. Ainda segundo o vice-presidente de Marketing e Comunicação do TTC, uma vez elaborado, o anteprojeto será apresentado em assembleia geral aos sócios.
Conversas há um ano
Edvaldo informou ainda que não estão especificados valores de uma possível transação, a área que poderá ser usada pelo shopping nem o tempo da concessão. A conversa com a empresa estaria ocorrendo há pelo menos um ano. No entanto, em dezembro passado, a direção publicou uma nota informando sobre uma primeira reunião deliberativa dos conselhos, que aconteceria na noite de ontem. A notícia se espalhou nas redes sociais e causou polêmica entre aqueles que não são a favor da construção do shopping no local. Os sócios temem a perda da área verde e os espaços de lazer.
A reunião marcada pelo clube foi cancelada. Uma nota publicada na página do TTC no Facebook explicou que o motivo foi: “devido ao erro no texto do edital de convocação”. Na semana passada, a direção do Tijuca Tênis Clube divulgou uma outra nota em seu site informando que “Se este projeto de fato for adiante, a decisão será tomada em Assembleia Geral (composta por todos os sócios titulares proprietários e contribuintes geral, com direito a voto)”. O clube, com quadro de cerca de oito mil sócios titulares, conta com ampla área de lazer incluindo nove quadras de tênis, quatro piscinas, ginásio poliesportivo, teatro e dois campos de futebol society.
“O clube é um espaço centenário, com palmeiras imperiais. Sou sócio há 45 anos. Essa é uma tradição da minha família que começou com meu avô. Nenhum sócio nunca viu proposta alguma apresentada para esse shopping. Isso causou revolta”, explicou o representante dos sócios Gerardo Ruiz, de 49 anos.
Uma sócia, de 26 anos, que pediu para não ser identificada, conta que o título da família dela foi comprado pelo avô em 1974. “O clube é mais do que tradicional, quantas mães da Tijuca e de outros bairros levam seus filhos para o carnaval infantil que temos no clube? Quantos jogos importante de vôlei e basquete já foram disputados no ginásio do clube? Nossas quadras de tênis recebem torneios do esporte. Temos o tradicional réveillon todos os anos”, lamenta a sócia.
Os associados lembram ainda que o clube abriga uma escola de educação infantil. Os boatos da construção do shopping estão deixando os pais dos alunos preocupados com um possível fim da escolinha. “Estou muito triste em saber que a minha segunda casa, onde aprendi a nadar, fiz parte da companhia de dança e onde passei todas as minhas férias com amigas, está tendo esse fim. Não pensaram no sócio em momento algum. Compramos o título e não temos direito de opinar? O clube é nosso! Vamos receber o que pela “venda” do mesmo?”, criticou a sócia.
Proposta ainda não aprovada
Edvaldo Ramos afirma que, pelas normas estatutárias, o Tijuca Tênis Clube não pode ser vendido. Ele lembra que, para ser aprovada, a proposta de concessão precisa passar pelos conselhos deliberativo, diretor, administrativo e benemérito, o que ainda não ocorreu. “O que está ocorrendo é um monte de fake news e mentiras. Os sócios estão reagindo. Eles têm o direito de se manifestar, mas também precisam saber o que realmente está acontecendo”, disse Evaldo. Procurada a brMalls não se pronunciou sobre a polêmica da possível construção do shopping dentro do clube.
