Crítica: 'Atividade paranormal 3'

Por Márcio Malheiros

Atividade paranormal 3 (EUA, 2011), dirigido por Henry Joost e Ariel Schulman, trabalha com a origem dos fenômenos paranormais que  duas irmãs passam na idiossincrasia do original e sua sequência. Aqui, surge a nascente do sofrimento das personagens: a ação ocorre em 1988 quando as atormentadas protagonistas são duas crianças que precisam aprender a lidar com fatores sobrenaturais desde a tenra idade, já que um membro da família pertence a uma seita religiosa que lida com o ocultismo.

A trilogia Atividade paranormal, além do grande sucesso de público, possui uma estrutura narrativa oposta ao cinema de terror convencional. Seu embrião surge em 1999 com o lançamento de A bruxa de Blair, onde a visão do espectador é a imagem da câmera usada pelos atores não profissionais. O mote ficou esquecido um tempo até que foi concebido REC, em 2007. Um filme espanhol que contava com, praticamente, os mesmos recursos. O estilo de falso documentário que o longa-metragem apresentava causou espanto. Em 2009, foi lançada a sua continuação, onde as peças de uma obra se fundiam à outra. Neste intervalo surgiu a refilmagem norte-americana do REC original: Quarentena, em 2008. Semelhante em vários elementos fílmicos às películas espanholas, os três filmes já lançados de Atividade paranormal (o primeiro foi concebido em 2007, mas lançado mundialmente em 2009) não deixam pontas soltas quando analisados em conjunto. Este terceiro filme é uma espécie de prequel dos antecessores, na sua busca por explicações para o tormento das personagens.

O filme em questão e objeto desta crítica, possui uma atmosfera claustrofóbica e assustadora. O alicerce narrativo é o mesmo, com uma família sendo perseguida pelo oculto e que busca por meio de câmeras instaladas em locais chaves captar a explicação para os fenômenos sobrenaturais com os quais começa a lidar. O longa-metragem diferentemente dos anteriores, não possui apenas em seu prólogo o seu momento de maior impacto . Atividade paranormal 3 é farto de cenas que provocam medo no espectador. A dupla de diretores utiliza a iluminação natural do dia (e não somente) para alguns dos planos-sequência mais nefrálgicos da trama. O clima de tensão do filme é crescente e sua cena final, antológica. Não é a melhor obra da série, mas o espectador não consegue ficar impassível com as imagens que batem na telona.

A maior dificuldade que os produtores da trilogia terão na realização do próximo produto é o fato da solução final (e também a razão de todo o processo fenomenológico) desta terceira parte ser pouco crível e aceitável, já que o problema que persegue as moças é, na verdade, uma maldição cujo genética é um 'dote' familiar, dificultando, assim, a elaboração de um roteiro plausível. Além do desgaste natural que esse tipo de filme já começa a apresentar em razão da prolífica coleção de produções similares (vide o pífio Atividade paranormal - Tóquio), em curto espaço de tempo. Sem esquecer das duas continuações de REC, já agendadas.

Cotação: ** (Bom)