Crítica: 'Entre segredos e mentiras'
Inspirado em um caso real de desaparecimento, Entre segredos e mentiras gerou expectativa por dois motivos: é um filme de ficção do competente documentarista Andrew Jarecki, do premiado Na captura dos Friedmans, e resgataria um intrigante misterio ainda não solucionado nos EUA, envolvendo uma poderosa família do ramo imobiliário.
No entanto, apesar de, em alguns aspectos, a trama desnudar uma espécie de lado B do glamour novaiorquino, Entre verdades e mentiras esbarra numa aparente confusão entre o que é real e o que é ficção.
Melhor seria se Jarecki tivesse decidido por outro documentário, ou então por um drama assumidamente ficcional, sem fatos. Mesmo para quem vai assistir ao filme sem saber de nada a respeito do caso ocorrido nos anos 80, dá a impressão de que há uma certa hesitação no roteiro: manter o mistério ou desvendá-lo? Jarecki opta por um infeliz meio-termo.
Talvez por causa da expectativa, o longa acabe por deixar um sentimento de frustração em quem esperava um grande filme, que parece ter vocação para virar um hit da Sessão da tarde. De qualquer forma, há méritos, como a boa interpretação da bela Kirsten Dunst, que vive Katie Marks, esposa de um dos herdeiros de uma poderosa família do ramo imobiliário de Nova York. Após o casamento com David Marks (Ryan Gosling), Katie se decepciona com o homem que, só então, passa a conhecer. E o casamento começa a desmoronar.
Na vida real, os nomes são outros. O marido é Robert Durst, que torna-se suspeito do desaparecimento da esposa, mas o caso nunca foi resolvido pela Justiça. No filme, o diretor tentar dar sua versão dos fatos, depois de ouvir, de veradade, diversas pessoas envolvidas de alguma forma no caso real, resultando em mais de 100 horas de entrevistas para a realização do longa. Por isso, a expectativa.
É quase um documentário. Mas não é.
Cotação: ** (Bom)
