Crítica: 'Riscado'

Por Eduardo Frota

Pode-se dizer que Riscado é uma espécie de metafilme. Nele, uma atriz interpreta uma atriz cercada de todas as incertezas e desconfianças comuns ao ofício da interpretação. O filme, que foi feito à base de muito esforço, é o retrato fiel do que é o fazer cinematográfico independente.

O roteiro acompanha a história de Bianca (Karine Teles, em atuação bastante convincente), uma jovem que empresta seu talento a telegramas animados e panfletagem nas ruas do Rio. Até o dia em que é selecionada para participar de uma produção internacional. Impressionado com o teste dela, o diretor do filme passa a apostar todas as fichas na história real de Bianca, adaptando todo o roteiro aos seus próprios percalços.

Ao longo da projeção, pipocam algumas situações que são típicas do métier artístico, numa hermeticidade que pode comprometer o bom humor diferenciado que o diretor Gustavo Pizzi propõe em diálogos pontuais. Há também um certo exagero nas rubricas naturalistas dos personagens, que agem como se a metalinguagem fosse um imperativo categórico ao filme.

No entanto, Riscado está bem acima da média das produções nacionais independentes. Tem um capricho estético notável, além de uma direção de atores eficiente e uma trilha sonora bem bacana - não à toa premiada em Gramado.

Cotação: ** (Bom)