Com pressão governista para CPI, IPEC diz em nota que se compromete por soluções

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Por POLÍTICA JB com Agência Estado

Matheus de Souza e Francisco Carlos de Assis - Com a pressão de membros e aliados do governo para a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigue os institutos de pesquisa, o Ipec (ex-Ibope) divulgou nota em que justificou os dados de seus levantamentos. O instituto também se comprometeu a buscar soluções para aperfeiçoar e corrigir problemas de metodologia. “Contudo, este é um processo que requer tempo de estudo, análise e comprovação de hipóteses, para que possam ser implementados”, afirmou.

“As pesquisas eleitorais medem a intenção de voto no momento em que são feitas. Quando feitas continuamente ao longo do processo eleitoral, são capazes de apontar tendências, mas não são prognósticos capazes de prever o número exato de votos que cada candidato terá”, afirma o instituto em nota.

Com os institutos no alvo de membros do governo por causa da diferença mostrada pelos levantamentos e o que se concretizou neste domingo (2), o Ipec destacou que a sondagem acertou o cenário principal, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança, mas ainda assim com a possibilidade de um segundo turno, e explicou a diferença entre o número das pesquisas e o das urnas.

“O presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 6 pontos a mais do que a pesquisa mostrava”, diz o comunicado. “Em nossa avaliação, isto ocorreu por tendências também já apontadas pela pesquisa: 3% que ainda estavam indecisos; Ciro Gomes (PDT), que na pesquisa aparecia com 5% e obteve 3% dos votos na apuração; além do índice de Simone Tebet (PDT) que também ficou um ponto abaixo do que a pesquisa mostrava (obteve 4% na apuração vs. 5% na pesquisa). Tais fatores já demonstravam uma provável migração de votos desses dois candidatos para Jair Bolsonaro.”

O Ipec também reforçou que segue “os mais altos padrões adotados internacionalmente nos métodos utilizados em suas pesquisas”. De acordo com a última rodada da pesquisa, divulgada pelo instituto às vésperas do primeiro turno da eleição, e que considerou apenas os votos válidos, Lula tinha 51% dos votos e Bolsonaro 37%.

Procurada pelo Broadcast Político para comentar sobre a possibilidade da criação de uma CPI para investigar os institutos, a assessoria do Ipec recomendou que se buscasse o posicionamento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep).

De acordo com a assessoria da Abep, a associação está “avaliando e refletindo sobre os últimos acontecimentos”, e nesta quarta-feira vai se reunir para divulgar uma nota conjunta sobre o caso.