Covaxin: negociações da vacina no Brasil envolveram empresa nos Emirados Árabes Unidos

Companhia com sede nos Emirados seria responsável por fornecer suporte para todas as atividades relacionadas ao registro e comercialização da Covaxin em território brasileiro

Por JORNAL DO BRASIL

As investigações em torno das negociações da Covaxin começaram em 18 de junho

Segundo um documento obtido pelo jornal Folha de São Paulo, existe mais um ator nas negociações da vacina Covaxin, e dessa vez um ator distante, uma empresa nos Emirados Árabes Unidos.

De acordo com a mídia, a empresa Envixia Pharmaceuticals LLC, com sede nos Emirados, aparece em memorando de entendimento como encarregada de apoiar todas as atividades relacionadas ao registro e a comercialização do imunizante no Brasil.

A Covaxin é produzida pela Bharat Biotech, na Índia. Em 24 de novembro de 2020, a Bharat assinou memorando com a Precisa Medicamentos, representante da farmacêutica no Brasil, e com a Envixia, dos Emirados. Com a Envixia, já são quatro os empreendimentos e países envolvidos na negociação, relata o jornal.

Para provar a existência de uma parceria com a Bharat, a Precisa enviou ao Ministério da Saúde uma cópia do memorando de entendimento assinado com a farmacêutica indiana e com a Envixia. A assinatura teria ocorrido quatro dias depois da primeira reunião entre representantes da empresa brasileira e integrantes do ministério.

As funções da Precisa seriam as de buscar e patrocinar testes clínicos, garantir a aprovação da vacina indiana pelo órgão regulador no Brasil e importar e distribuir o imunizante ao governo e à iniciativa privada. No caso da Envixia, conforme a tradução do memorando, a função é pouco detalhada.

Segundo o documento, cabe à empresa registrada nos Emirados "fornecer suporte para todas as atividades relacionadas ao registro e comercialização da Covaxin no Brasil". O texto original, em inglês, especifica que se trata da vacina da Bharat Biotech.

Além do memorando, haveria um contrato posterior entre as partes. A diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, disse à mídia que a empresa com sede nos Emirados faria, sim, parte do documento.

"A participação da Envixia é normal. Foi escolhida pela Bharat para prospectar possibilidades de vacinas no Brasil e nos Emirados Árabes", afirmou Medrades.

No dia 29 de junho, o Ministério da Saúde resolveu suspender o contrato para aquisição do imunizante.

As investigações em torno das negociações da Covaxin começaram em 18 de junho. Conforme noticiado, o chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, percebeu irregularidades nas transações e junto ao seu irmão, deputado Luis Claudio Miranda (DEM-DF), alertaram pessoalmente o presidente Jair Bolsonaro sobre anomalias no processo de compra das vacinas. (com agência Sputnik Brasil)