CPI da Covid vai ouvir Mandetta e Teich nesta terça

Tendência é que Pazuello seja convocado uma segunda vez, após descobertas consistentes durante o trabalho de investigação da comissão

Por JORNAL DO BRASIL

Luiz Henrique Mandetta

Os senadores da CPI da Covid vão focar nos indícios de interferência do presidente Jair Bolsonaro nas decisões do Ministério da Saúde, ao questionar ex-titulares da pasta e também o atual, Marcelo Queiroga, em uma série de depoimentos que começa nesta terça-feira (4).

O papel de Bolsonaro nas decisões também será prioritário na atuação do relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), segundo tem informado a interlocutores.

A CPI praticamente inicia nesta semana a fase de investigação, com uma agenda repleta de depoimentos com potencial para atingir o governo Bolsonaro.

Serão ouvidos todos os ex-ministros da gestão, começando nesta terça com o desafeto do Planalto Luiz Henrique Mandetta e seu substituto, Nelson Teich, que permaneceu menos de um mês no cargo.

Os senadores do grupo majoritário da CPI —formado por oposicionistas e independentes— têm relatado que o foco será a possível interferência do presidente, em especial nas questões referentes à vacina e ao chamado "tratamento precoce", em particular com o uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19.

Esses senadores relatam que uma das perguntas mais repetidas será "isso foi decisão do senhor ou ordem superior?". A intenção é tentar saber se as medidas foram técnicas ou tiveram ordem direta de Bolsonaro, que adota uma postura negacionista desde o início da pandemia.

“Acho que vai ser necessário cobrar as posições, saber dos fatos, entender determinados posicionamentos e, por outro lado, saber as dificuldades que [o ministro] encontrou, o que o presidente interferiu que dificultou o processo de enfrentamento [da pandemia]”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Costa disse que ao menos dez perguntas já estão preparadas para Mandetta. As questões contemplam informações sobre testagem, "tratamento precoce" e a falta de utilização da atenção básica de saúde.

Posição semelhante tem o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“O que a gente quer saber do Mandetta e dos demais é quais ações ou omissões levaram ao agravamento da pandemia no Brasil. Isso será uma constante”, afirmou.

O dia mais aguardado pelos senadores da comissão, no entanto, é esta quarta-feira (5), quando acontecerá o depoimento do ex-ministro e general Eduardo Pazuello, o mais longevo titular da pasta durante a pandemia. Parlamentares já esperam uma “batalha” de oito a dez horas de duração. (com Folhapress)