Em busca do Brasil do Bem: (2) As premissas elementares

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Por ADHEMAR BAHADIAN

Aos poucos, o Brasil começa a se dar conta do sombrio momento e das infaustas opções trazidas por quatro anos de uma politica ideológica tangida pelo ódio totalitário .

Um breve inventário dos desvios politico-ideológicos a que estamos submetidos, nos mostrará a clara e estridente oposição à Carta Constitucional em letra e espirito.

Nesta hora, não apenas a sabedoria e o instinto de sobrevivência, o bom-senso impõe uma análise do que nos propõem a cúpula do Poder Executivo, os partidos políticos a ela afinados e parte do estamento burocrático- militar em suas manifestações cada vez mais frequentes de identificação com uma vertente autocrática inconstitucional .

Entendem esses atores governamentais ser legal e juridicamente aceitável propor a manutenção das diretrizes hoje em vigor por mais quatro anos - talvez mais - por considerarem estarem perfeitamente sintonizadas com o desejo populacional . Diante disso, defendem a reeleição ou a recondução dos líderes hoje legitimamente eleitos.

Neste último parágrafo residem os elementos essenciais e as premissas elementares sobre as quais o povo terá que se pronunciar e na base deles tomar a decisão sobre seu destino.

Não há como tergiversar sobre a legalidade do governo atual, legitimamente eleito em eleições supervisionadas e sancionadas pelo Superior Tribunal Eleitoral, única autoridade, além do próprio Supremo Tribunal Federal, para atestar a legitimidade do pleito e sua identidade com os princípios constitucionais inscritos na Constituição de forma solene por Assembléia Geral Constituinte. Não há, retomo, como impedir que os eleitos de hoje nos poderes executivos e legislativos da União e dos Estados concorram a reeleição. É ponto pacífico .

Quando porém qualquer dos Poderes seja o Executivo seja o Legislativo questione o sistema eleitoral e sobre ele pretenda lançar o véu da suspeição seja ela intencional ou não, rompe-se o elo inatacável da autoridade do poder Judiciário e ,por via de consequência, o registro de constitucionalidade. A contestação a este princípio elementar é crime de lesa-pátria. A eventual mobilização do eleitorado venha ela do Poder Executivo ou do Poder Legislativo para contornar a ordem constitucional é pura e inquestionável sublevação da ordem pública. Induzir força militar nacional ou estadual a interferir na Corte Eleitoral ou desobedecer a ordem e os ditames do Judiciário é crime comparável ao amotinamento.

O brasileiro hoje está sendo conduzido a um impasse cívico de gravíssimas consequências caso persistam as insinuações e ,mais do que isso, as falsidades sobre a higidez do sistema eleitoral brasileiro. Todas as Cortes e Tribunais do Mundo nos observam com apreensão, mas não descrentes de nossa fidelidade constitucional. Não Há necessidade de que aqui aportem missões de observadores. Mas, é altamente estranhável que o Poder Executivo se oponha a visita de missão observadora da União Européia.

Durante quase quatro anos, a Câmara dos Deputados não encontrou inconstitucionalidade nas políticas econômica, educacional, sanitária, trabalhista, ambiental, embora os resultados delas tenham sido no mínimo infaustos para parcela majoritária de nosso país. A devastação da Amazonia, o inchaço doentio de nossa metrópoles, principalmente da maior delas, a capital do Estado de São Paulo, são chagas evidentes da mais indiferente política social deste país. A Fome. A morte ronda o nosso país como abutre.

A mera audição de uma hora da única reunião Ministerial vinda a público é suficiente para constatar a lamentável e vergonhosa tragédia administrativa deste governo, hoje a buscar reeleição . Está disponível no You tube.

A hora não é de decidir entre polaridades que se equivalem, como pretendem explicar os ingênuos, os incautos e os de má-fé. Não há polaridade quando um dos lados ostensivamente prega a dissolução da Democracia. Polaridade é uma coisa, subversão outra. Ser contra a Democracia, constrangê-la de qualquer forma, é inconstitucional.

Nós que estivemos nas ruas durante a ditadura militar temos grande dificuldade para entender afinal de que lado da Democracia está o estamento militar deste país. Será que votar virou ato terrorista?
A hora é de não aceitar provocações . Nada de se expor a tumultos de rua, desejados como justificativas para o banho de sangue, seguido do enterro das liberdades públicas.

A hora é simplesmente de fazer chegar nossa objeção a este estado de coisas através de memoriais, abaixo-assinados e outras formas pacíficas de protesto.

É hora de buscarmos o Brasil do Bem. O Brasil que não arma cidadaõs, mas fortalece a Democracia. Um Brasil que não envolve o nome de Deus como se Ele fosse apadrinhar compadadrios e falcatruas .

É a hora de sobretudo exigir de nossos candidatos ao legislativo que se posicionem sobre os temas do desenvolvimento do nosso país e não apenas sobre o preço da gasolina. Privatizar o Brasil não é a solução.

Voce, eleitor, tem que saber que parte o seu deputado reparte. Se achar que não deve, não vote nele.Nunca mais.

E no momento certo, os candidatos a Presidente da República devem expor ,como seres racionais, seus planos e suas metas. É assim que se vive. Assim que se respeita um povo. Assim que se educam crianças ,hoje a mendigar pelas ruas. Assim que se legitima a política externa de uma nação amante da paz.

Assim se armam exércitos com o único e constitucional dever de preservar a soberania nacional contra o invasor externo, sempre à espreita de uma vacilação ou de uma desunião .
O resto é crime. Criminoso. Ou traição . Traidor.

(continuarei)